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GRÉCIA ERGUE MURO NA FRONTEIRA COM A TURQUIA

O muro em construção

2020-03-15

Louise Nyman, Atenas; exclusivo O Lado Oculto

O exército da Grécia começou a fortificar a fronteira terrestre com a Turquia construindo muros de betão e trincheiras para impedir a entrada de refugiados. A União Europeia continua assim a adoptar a política de fortificação contra as vítimas das guerras que provoca e apoia.

Milhares de refugiados continuam a tentar desesperadamente alcançar território europeu, oriundos da Turquia, encontrando pela frente as acções repressivas dos guardas fronteiriços gregos e a indisponibilidade de Bruxelas para atacar o problema e estabelecer uma política coerente e planeada em relação aos refugiados, que insiste em qualificar como “migrantes”. A Grécia está isolada na crise: o “apoio” que recebe de Bruxelas é unicamente o incentivo ao uso da força.

Por outro lado, os refugiados estão a ser incentivados pelo regime islamita turco para procurarem a Europa, funcionando assim como reféns das acusações mútuas entre a União Europeia e a Turquia.

O exército grego começou a utilizar blocos de cimentou para construir estruturas que vedem fisicamente a circulação na fronteira terrestre com a Turquia em Kastanies. Os militares recorrem também à abertura de trincheiras e à utilização de arame farpado para encimar o muro com cerca de metro e meio de altura.

Nas duas últimas semanas têm-se vivido momentos dramáticos na fronteira: a guarda fronteiriça da Grécia, na sequência da incapacidade da União Europeia e da Turquia para encontrarem pelo menos uma saída humanitária para a situação, tem reprimido violentamente os requerentes de asilo. Fontes dos refugiados revelam a existência de 2500 feridos devido a acções de violência que consideram desproporcionadas.

A União Europeia comprometeu-se a pagar três mil milhões de euros anuais ao regime turco para conter os refugiados no seu território. Parte dos pagamentos estão em atraso e, por outro lado, o presidente Erdogan da Turquia tem feito saber que o acordo está suspenso, sobretudo a partir do momento em que, por acção de Ancara no apoio à al-Qaida, a situação militar se agravou na província síria de Idleb – dando origem a novas vagas de refugiados.

No entanto, entre os refugiados que tentam entrar na Europa desde que a parte turca abriu recentemente as fronteiras parece haver uma minoria síria em relação a outras origens, designadamente afegãos, iraquianos e iemenitas. Países europeus e a própria União enquanto tal têm responsabilidades em todas as guerras que produzem esta diversidade de refugiados, que entretanto se recusam a acolher.


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