O Lado Oculto é uma publicação livre e independente. As opiniões manifestadas pelos colaboradores não vinculam os membros do Colectivo Redactorial, entidade que define a linha informativa.
Um tribunal britânico de apelo anulou a sentença do Tribunal de Comércio de Londres que permitia ao autoproclamado “presidente interino” da Venezuela, Juan Guaidó, movimentar em proveito próprio e do seu sistema de usurpação as 31 toneladas de ouro venezuelano à guarda do Banco de Inglaterra, no valor de 1800 milhões de dólares. A decisão foi tomada dando razão ao recurso apresentado pelo Banco Central da Venezuela contra a sentença.
Quando a elite dos predadores que conduziram o mundo ao estado desgraçado em que se encontra se propõem agora salvá-lo tirando proveito da “janela de oportunidade” que é a pandemia de COVID-19 podemos deduzir que há nuvens ainda mais negras no horizonte.
Elon Musk, dono da Tesla, um dos homens mais ricos do mundo, twittou tranquilamente, como quem anuncia que vai jogar ténis, que “daremos o golpe em quem quisermos”. E aconselhou: “lidem com isso”. As palavras foram escritas num contexto relacionado com o golpe fascista na Bolívia, que permitiu a Musk desbloquear o livre acesso às maiores reservas de lítio do mundo, essenciais para a parte gorda dos seus negócios, os acumuladores de energia.
O direito nacional e internacional deixou de contar. O actual espectáculo legal montado no Tribunal de Comércio de Londres sobre as reservas de 30 toneladas de lingotes de ouro venezuelanas guardadas na Grã-Bretanha conduz a esta conclusão. Surpreendentemente, a uma velocidade que ninguém imaginaria, o tribunal presidido pelo juiz Nigel Teare decidiu reconhecer unicamente Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Um acto de moderna pirataria.
Combater o racismo e a brutalidade policial dentro dos horizontes estreitos das questões rácicas e da desmilitarização da polícia carece das perspectivas estratégicas que permitiriam transformar a luta num verdadeiro abalo para a sociedade capitalista. Já no rescaldo dos acontecimentos que se sucederam ao assassínio de George Floyd, emerge a “Comuna de Seattle”, prova provada de que o Partido Democrata, através dos seus braços como o movimento Black Lives Matter”, e das suas artimanhas, como a das “revoluções coloridas”, transformou o descontentamento popular genuíno num ajuste de contas entre elites imperiais em vésperas de eleições.
A decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de validar a ditadura da Junta de Controlo imposta a Porto Rico, emitida horas antes de o presidente norte-americano ter anunciado a repressão militar dos protestos em curso, deixa esta colónia das Caraíbas em situação muito delicada e contribui para despertar uma história esquecida por muitos. A validação judicial da experiência de ditadura nesta colónia serviu de significativo preâmbulo do anúncio presidencial que iniciou formalmente o caminho para a substituição do regime democrático pela lei marcial para reger todo o território nacional dos Estados Unidos.
Passaram 30 anos sobre a apresentação de Yume (Sonhos) do cineasta Akira Kurosawa, à margem da competição, no Festival de Cannes de 1990. A memória dos oito sonhos de Kurosawa impõe-se nestes tempos de pandemia, guiando a reflexão em torno das questões tecnológicas. Kurosawa louva a vida, perante a incerteza de uma humanidade que caminha na senda do conflito nuclear, evocando figuras míticas da cultura nipónica: “Um raio de sol através da chuva”; “O jardim dos pessegueiros”; “A tempestade”; “O túnel”; “Corvos”; “Monte Fuji em chamas”; “O demónio que chora”; e, a finalizar, “O vilarejo dos moinhos”. Neste último quadro, um ancião explica ao viajante a decisão tomada há muito tempo pela aldeia de recusar a influência poluidora da tecnologia moderna, retornando a modos de vida arcaicos em busca de uma sociedade mais limpa e feliz. O quadro mostra uma procissão fúnebre, o funeral de uma mulher. Mas, ao invés de um luto carregado, a aldeia escolhe celebrar antes a existência e o fin@l de uma vida feliz.
O governo conservador britânico de Boris Johnson criou uma Unidade Secreta” com o deputado venezuelano Juan Guaidó (autoproclamado “presidente interino”) com o objectivo de derrubar o chefe de Estado constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro, para depois partilhar as riquezas do país, revela uma investigação do portal The Canary.
A guerra comercial contra a China, o isolamento económico crescente dos Estados Unidos, os recursos astronómicos desviados da economia para guerras infindáveis como a do Afeganistão, a ocupação do Iraque, a desestabilização da Líbia e outras, as lentas mas inexoráveis consequências da delapidação da Natureza e dos seus recursos, o empobrecimento das classes médias ocidentais, a destruição dos sistemas de segurança social e de saúde dos países europeus e latino-americanos pelas políticas de austeridade, a especulação financeira e imobiliária dos últimos anos, criaram um palco propício ao desencadear de uma crise económica de grande magnitude ao menor abalo.
A NATO decidiu assumir o “combate à crise do coronavírus”. Por exemplo, enviando bombardeiros com capacidade nuclear para sobrevoar o Ártico até aos limites do território russo; e colocando navios de guerra nas costas da Venezuela, com poder de assalto, porque o presidente Maduro “usa a crise do coronavírus” como pretexto para “aumentar o narcotráfico”. O atlantismo move-se, como é evidente, por razões “humanitárias”.
Por muito que o Chefe de Estado, ministros, TAP e a comunicação social corporativa tentem compor uma imagem de vitimização, própria de quem pretende desviar o assunto da sua essência, a verdade é que existiram anomalias graves, e que estão a necessitar de explicações sérias, relacionadas com o voo TP173 de Lisboa para Caracas, no dia 13 de Fevereiro.
As eleições de Dezembro no Reino Unido e as de 8 de Fevereiro na República da Irlanda geraram um terramoto político muito abafado pela comunicação social corporativa e que pode ser o princípio do fim do Reino Unido tal como o conhecemos. Pela primeira vez em mais de cem anos, o Sinn Fein, o principal partido pela reunificação da Irlanda, venceu eleições praticamente simultâneas na República da Irlanda e na Irlanda do Norte. Significa isso que um eventual referendo, previsto nos Acordos de Sexta-Feira Santa (1998), poderá implicar a libertação de toda a Irlanda do que resta do colonialismo britânico. E o independentismo escocês pode seguir pelo mesmo caminho. O Reino Unido ameaça ruir.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…
RENOVAÇÃO DE ASSINATURAS |
Estimado Assinante,
Se a sua assinatura está prestes a expirar e desejar renová-la deverá proceder como anteriormente: escolher a periodicidade e a forma de pagamento.
Pode igualmente aderir à nossa acção de "assinatura solidária", contribuindo assim para reforço dos conteúdos de O Lado Oculto e assegurando a sua continuidade.
Grato pelo seu apoio
O Colectivo Redactorial