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GOVERNO HOLANDÊS ESCONDE APOIO AO TERRORISMO

2020-12-07

Pilar Camacho, Bruxelas; com agência SANA/Global Research

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, admitiu que interveio pessoalmente para obstruir as investigações parlamentares sobre o envio de milhões de euros de dinheiro público para grupos terroristas que actuam na guerra contra a Síria. Este novo capítulo sobre o envolvimento do governo de Haia na operação terrorista que flagela o povo e o território sírios desde 2011 demonstra a hipocrisia flagrante das políticas da Holanda e, por extensão, da União Europeia, sobre o alegado “combate ao terrorismo” e a protecção dos direitos humanos. 

A imprensa holandesa tem vindo a publicar várias provas nos últimos anos revelando o envolvimento do governo holandês, uma ampla coligação controlada pela direita, no apoio aos terroristas infiltrados na Síria, designadamente através do fornecimento de equipamentos de comunicações, militares e logísticos, além de centenas de camiões e outros tipos de veículos.

O Parlamento da Holanda deliberou formar uma comissão de inquérito à situação, sobretudo depois de dois meios de comunicação terem transmitido, em 2017, um documentário especial testemunhando o apoio do governo de Mark Rutte a pelo menos 22 grupos terroristas que actuam na Síria, incluindo a chamada Frente do Levante, associada à al-Qaida e considerada um movimento terrorista pelas próprias instituições holandesas.

A Comissão Parlamentar de Inquérito não chegou a quaisquer conclusões. Sabe-se agora que isso aconteceu devido à obstrução aos seus trabalhos montada pelo próprio primeiro-ministro e à decorrente ocultação de factos provando o envolvimento directo do governo de Haia com os terroristas. Estas práticas constituem grosseiras violações das leis internacionais e holandesas, tanto mais que as organizações criminosas para as quais foram canalizados os apoios públicos são qualificadas como terroristas pelo próprio Ministério Público holandês.

O reconhecimento por Mark Rutte de que criou entraves às investigações parlamentares está a provocar significativa indignação no país, alicerçada no facto de vários órgãos de comunicação continuarem a revelar novos dados sobre o envolvimento governamental no financiamento dos terroristas em milhões de euros e fornecimento de alimentos, medicamentos e equipamentos vários, incluindo de índole militar. Alguns partidos políticos têm recorrido às plataformas de opinião pública para informar vastas audiências e apelar à transparência e ao aprofundamento da democracia.

Proteger “segredos de Estado”

O apoio holandês a grupos terroristas armados ditos “islamitas” tem-se prolongado ao longo dos mais de nove anos de duração da guerra internacional contra a Síria, apesar das promessas governamentais, feitas perante o Parlamento, de que apenas eram contempladas organizações “moderadas”.

Este conceito foi concebido pela administração Obama nos Estados Unidos e tem a chancela da então secretária de Estado, Hillary Clinton, para encobrir o apoio às principais organizações terroristas no terreno, a al-Qaida e o Isis (Daesh ou Estado Islâmico), através de entidades e organizações ditas “moderadas” mas que actuam, de facto, no âmbito daqueles dois grandes grupos.

Alguns meios de comunicação e jornalistas ocidentais, aliás, não tardaram a testemunhar que os grupos “moderados” não tinham envergadura nem capacidade operacional para actuar por si próprios sem ser sob o enquadramento da al-Qaida e do Daesh.

O primeiro-ministro holandês e o seu governo alegam que a sua obstrução ilegal às investigações parlamentares sobre o escândalo se destinou a proteger “informações secretas”. Como sempre, o “segredo de Estado” é invocado para cobrir acções ilegais do próprio Estado e que muitas vezes, como é o caso, podem virar-se contra as populações.

Este comportamento do governo holandês ajuda também a expor os verdadeiros motivos que guiaram a chamada “coligação internacional” alegadamente formada para “combater o Daesh”.

Na verdade, este mecanismo não foi mais do que um pretexto das potências ocidentais, com os Estados Unidos à cabeça, para intervirem militarmente na Síria ao mesmo tempo que, de facto, protegeram e apoiaram organizações terroristas que dizem repudiar. São numerosas as provas de que esta “coligação” tem actuado militarmente contra civis sírios, tal como fazem os grupos terroristas.

O apoio a organizações terroristas na Síria – e também no Iraque – demonstra a submissão da Holanda e da generalidade dos países da União Europeia e da NATO às operações enquadradas nas guerras sem fim no Médio Oriente impostas pelos Estados Unidos. A Holanda está igualmente no topo dos países europeus que exportam terroristas ditos “islâmicos” para a Síria e o Iraque.

Os responsáveis por estas práticas e pelos comportamentos criminosos que induzem deveriam cair no raio de acção do Tribunal Penal Internacional de Haia, se este cumprisse na realidade o seu papel.



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