DAVOS, OU A FARSA DO GLOBALISMO “AMBIENTALISTA”
2020-01-24
Mais uma edição – a 50ª – do Fórum Económico em Davos, Suíça. O capitalismo neoliberal globalista congregou as suas estrelas mais rutilantes, a par de membros de realezas, presidentes e chefes de governo – toda “uma elite ambientalmente consciente” - para debater, por exemplo, as maneiras como negócios, políticas, manipulação genética, geoengenharia e guerras se harmonizam com o combate às mudanças climáticas, que prejudicam “a ecologia e a economia”. Para isso os trabalhos foram abrilhantados, entre outros, por Donald Trump, a imprescindível Greta Thunberg e o inigualável usurpador Juan Guaidó.
Peter Koenig*, Global Research/Adaptação de O Lado Oculto
Caros amigos, o Fórum Económico Mundial (FEM) comemorou os seus 50 anos. Quarenta e nove dos eventos, cada vez mais insanos e pomposos, decorreram em Davos, na Suíça. Apenas um, em 2002, após o 11 de Setembro, foi transferido para a cidade de Nova York, paradoxalmente “por razões de segurança”, disseram. Afinal a lógica da mudança é tão ridícula como o próprio fórum.
Todos devíamos assistir a uma coisa assim, este ano no período de 21 a 24 de Janeiro. Um quarto de hotel com 12 metros quadrados custa dez mil dólares por noite. É natural que se encontrem atiradores de elite espalhados pelos telhados sob temperaturas negativas, com a obrigação de protegerem os cerca de três mil iluminados de escalões top da sociedade que afluem à vernissage. Prosaicamente, será preciso suportar as consequências do facto de grande parte do aeroporto de Zurique ter sido isolada para ser usada pelos aviões privados desta “elite ambientalmente consciente”, no meio da qual está Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que se fez notar na manhã de terça-feira, 21 de Janeiro.
Não nos devemos deixar incomodar com o facto de “observadores de aviões” se terem instalado pelas redondezas, praticamente acampados e munidos de sofisticados binóculos e telescópios, ansiosos por chegar aos terraços do aeroporto para poderem avistar o VIP/celebridade/famoso dos seus sonhos. E acautelem-se: quando as portas dos terraços se abrem é como estar numa Black Friday à beira de qualquer grande superfície.
A verdade é que centenas de jactos particulares movimentaram-se por estes dias em direcção a Zurique, exibindo a normalidade da abjecta inutilidade e decadência dos ricos; no entanto, a sua aceitação e até glorificação pela população é muito mais do que George Orwell poderia ter pensado quando em 1948 escreveu o “1984”.
Este ano anunciaram a sua presença 130 convidados do escalão top, além de cinco realezas, 22 presidentes e 23 primeiros-ministros. Foram blindados pela polícia e as forças armadas suíças, que movimentaram cerca de cinco mil efectivos. Trump, claro, fez-se acompanhar pelo seu contingente pessoal, reforçado com 300 polícias especiais dos corpos de segurança suíça; levou também um helicóptero particular, transportado por dispositivos militares de carga norte-americanos. Diz-se que os seus dois dias na Suíça custaram 3,4 milhões de dólares aos contribuintes norte-americanos, o que não passa de peanuts se comparados com as despesas para assegurar a tranquilidade de cerca de três mil celebridades “de alto nível”, misturadas com imaginativos “penetras” ansiosos por cruzar-se com as pessoas “realmente importantes”. Uma farsa!
“Olhados como iguais”
O chefe da polícia de Zurique disse a um repórter que eles, os agentes suíços, tiveram boas relações com o pessoal da segurança de Trump. “Vimos isso nos seus olhos: consideram-nos competentes e iguais”. Que dizer? Parece que a autoestima deste polícia suíço de alto escalão se mede pelo nível de aceitação dos serviços secretos de Trump. Triste!
E disseram os agentes suíços que o risco de segurança do presidente dos Estados Unidos foi ainda maior do que em 2018, quando se deslocou a Davos pela primeira vez, devido às suas permanentes ameaças ao Irão e ao assassínio do general iraniano Qasem Soleimani que mandou cometer.
Muitos dos agentes que fizeram protecção a Trump moveram-se em automóveis e limusinas blindados e com vidros fumados nas congestionadas estradas de acesso a Davos. Não esqueçamos que o presidente dos Estados Unidos teve excelente companhia neste evento. Apesar de problemas decorrentes de um ataque febril, a jovem sueca Greta Turnberg não deixou de estar presente com o seu discurso aos destruidores do planeta pedindo-lhes que consertem o planeta. E não faltou à chamada o usurpador golpista da Venezuela, Juan Guaidó.
Menu de mentiras
A agenda oficial do Fórum de Davos deste ano foi mais um menu de mentiras e enganos. Foi, porém, a agenda para “Partes interessadas num mundo coeso e sustentável”:
1. Como lidar com os desafios climáticos que prejudicam a ecologia e a economia.
2. Como transformar as indústrias no sentido de estabelecer modelos de negócios mais sustentáveis e inclusivos enquanto novas prioridades políticas, económicas e sociais alteram os padrões de comércio e consumo.
3. Como gerir as tecnologias que impulsionam a Quarta Revolução Industrial de maneira a beneficiar os negócios e a sociedade, minimizando os riscos.
4. Como adaptar-se às tendências demográficas, sociais e tecnológicas que reformulam a educação, o emprego e o empreendedorismo.
Isto foi o que se comunicou ao mundo exterior, às pessoas comuns, aos milhares de manifestantes “contra as mudanças climáticas” que palmilharam dezenas de quilómetros ao frio e à neve para chegar a Davos e deixar as suas mensagens aos “Grandes”: “assumam as responsabilidades, o planeta está a arder”. Em público ouviram-se as inquietações com esses problemas provocados pelo homem e ficou a conhecer-se mais do mesmo que os “Grandes” prometem e têm vindo a prometer sobre o assunto.
Nos bastidores, porém, fora do alcance dos “comuns”, a narrativa provavelmente foi outra. Talvez como usar o clima e a propaganda climática falsa a favor de novos e grandes negócios associados à “adaptação” do planeta às alterações climáticas; ou talvez a Quarta Revolução Industrial, a manipulação genética e a biotecnologia, por exemplo a disseminação dos organismos geneticamente modificados (OGM); ou talvez também o CRISPR (que se pronuncia “crisper, Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats ou Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas), uma ferramenta de edição de genoma que pode alterar selectivamente o ADN humano (e de outros seres vivos).
“Despovoar”
São estas forças de comando que, combinadas e unidas – contando, é claro, com guerras eternas – podem alterar o curso do mundo. Um dos objectivos actuais dessa elite é reduzir a população mundial para que possa continuar a viver em opulência sem ter de partilhar o generoso planeta com mais 7700 milhões de pessoas, usando parte como oprimidas e escravos e deitando fora o resto.
Parece um exagero de linguagem, mas isto não é recente nem novo. Já na década de sessenta do século passado Henry Kissinger, o maior criminoso de guerra vivo e membro da Bilderberg Society, afirmou que um dos principais objectivos do Grupo de Bilderberg é a redução da população. Em 1974, esta figura contemplada com o Nobel da Paz e então recompensada pelo presidente Nixon com o cargo de secretário de Estado por ter orientado o golpe fascista no Chile em Setembro de 1973, fez esta recomendação:
“O despovoamento deve ser a maior prioridade da política externa para o Terceiro Mundo porque a economia dos Estados Unidos exigirá grandes e crescentes quantidades de matérias-primas do exterior, principalmente de países menos desenvolvidos”.
Aí está. Quem sabe se a diabólica elite do Fórum de Davos não falou de eugenia? Não o saberemos. Mas com tudo o que está a acontecer por aí, com a capacidade de Washington/Pentágono/NATO usarem drones em execuções extrajudiciais de pessoas que possam ser consideradas um “risco para a segurança nacional” dos Estados Unidos – ou melhor, possam ser obstáculos à ambição da elite global para exercer o seu domínio sobre o espectro planetário – poderemos estar a aproximar-nos de uma guerra aniquiladora. Talvez não uma guerra nuclear, porque a elite sabe que nessa situação não deverá haver vencedores; por isso, poderá optar por uma versão “suave” de redução da população – eugenia – através de conflitos e guerras regionais contínuas, eternas e altamente lucrativas.
Não acreditemos, pois, nas mentiras disseminadas pela elite financeira global, por muito bem que sejam fabricadas, embaladas, apresentadas. Não passam de publicidade enganosa. Estimados amigos, não caiam nisso. Nunca é tarde: somos 99,99% contra 0,01%. A elite tão bem representada neste Fórum de Davos deseja que nos viremos contra os nossos próprios interesses. Não se deixem iludir, façam as vossas próprias contas, não frequentem os media corporativos porque a função deles é espalhar as mentiras da elite; para isso pagam-se milhões de milhões pelo funcionamento de pequenos grupos de interesses sombrios e profundos, como os que produzem eventos à maneira de Davos.
*Economista e analista geopolítico; especialista ambiental e em recursos de água. Trabalhou durante mais de 30 anos para o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde em campos como o ambientalismo e os recursos aquíferos.