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Recorrendo a um velho chavão do jornalismo, a notícia caiu como uma bomba nas redacções e logo se expandiu célere pela grei, que mais alarmada não poderia ficar: a Câmara Municipal de Lisboa denunciou à embaixada da Rússia as identificações de activistas que se manifestaram em Lisboa por um abnegado prosélito da resistência anti-Putin. Como deve ser nestas ocasiões de extrema gravidade para a nação, o chefe de Estado tomou as dores da comunidade e em palavras enfáticas manifestou a sua revolta – que é a revolta de todos – com o comportamento municipal. Pena é que o mesmo chefe de Estado e as carpideiras mediáticas não expressem ira semelhante quando a mesma Câmara Municipal partilha com a embaixada de Israel e a benigna Mossad as identidades de activistas portugueses e palestinianos que não concordam com as chacinas em Gaza e a limpeza étnica praticadas pelo Estado sionista. Falemos então de partilha de dados.
Os gigantes tecnológicos de Silicon Valley proprietários das redes sociais e cada vez mais os controladores absolutos da internet decidiram suspender a conta Twitter da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V, alegando ter detectado “actividades suspeitas” com origem no Estado norte-americano da Virgínia, que alberga a sede da CIA e de outras agências de espionagem dos Estados Unidos. Embora a conta tenha sido reactivada algum tempo depois, ficou dado mais um sinal de poder dos gigantes privados que se assumem de uma maneira mais evidente a cada dia que passa como os grandes filtros censórios da comunicação social globalizada.
No mundo em que vivemos os criminosos de guerra têm a certeza da sua impunidade e o jornalismo de investigação está em vias de ser considerado um crime de espionagem – esta é uma das leituras que o Relator Especial das Nações Unidas sobre a Tortura, o suíço Nils Melzer, faz do processo contra o fundador e director do WikiLeaks, Julian Assange, conduzido pelos Estados Unidos com a cumplicidade de vários governos, entre eles Reino Unido, Suécia e Equador. Desde a falsificação, pela polícia sueca, de um processo “por violação” à tortura a que tem vindo a ser submetido em Londres, passando pelo julgamento secreto já em marcha nos Estados Unidos perante um júri da CIA, Melzer desmonta os contornos tirânicos e criminosos da perseguição a Assange. “Dizer a verdade está a tornar-se um crime”, adverte o relator da ONU. Nos dias em que a viciada justiça britânica aprecia o pedido de extradição de Assange apresentado pelos Estados Unidos, o Lado Oculto dá voz à esclarecedora entrevista de Nils Melzer ao website Republik, uma publicação de língua alemã. É a nossa manifestação de solidariedade com Julian Assange, em defesa da liberdade de informar e ser informado e dos direitos humanos.
Mais uma edição – a 50ª – do Fórum Económico em Davos, Suíça. O capitalismo neoliberal globalista congregou as suas estrelas mais rutilantes, a par de membros de realezas, presidentes e chefes de governo – toda “uma elite ambientalmente consciente” - para debater, por exemplo, as maneiras como negócios, políticas, manipulação genética, geoengenharia e guerras se harmonizam com o combate às mudanças climáticas, que prejudicam “a ecologia e a economia”. Para isso os trabalhos foram abrilhantados, entre outros, por Donald Trump, a imprescindível Greta Thunberg e o inigualável usurpador Juan Guaidó.
Instituições vocacionadas para a protecção de dados e a luta contra os atentados à privacidade têm vindo a chamar a atenção da União Europeia para a utilização cada vez mais comum das novas tecnologias de reconhecimento facial num quadro de insuficiência legal. Em causa estão o respeito por direitos humanos básicos, pela dignidade e a privacidade dos cidadãos; além de se abrirem, desse modo, novas portas para perseguições arbitrárias, discriminação xenófoba e reforço da pressão sobre refugiados e imigrantes.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…
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