O Lado Oculto é uma publicação livre e independente. As opiniões manifestadas pelos colaboradores não vinculam os membros do Colectivo Redactorial, entidade que define a linha informativa.
O que está a acontecer na Colômbia há mais de um mês, desde 28 de Abril, é uma insurreição, um levantamento popular contra os efeitos da agudização das políticas neoliberais combinadas (terrivelmente agravadas) com uma gestão catastrófica da pandemia, que castiga sobretudo as camadas mais desfavorecidas. O que está a acontecer na Colômbia é uma resposta brutal do narco-Estado fascista contra a generalidade da população através de um aparelho repressivo montado ao longo de seis décadas e que tem nas forças armadas o principal suporte, articulando as polícias de segurança, as unidades móveis de assalto e a entranhada teia de grupos paramilitares ou esquadrões da morte.
Largos extractos da população da Suíça batem-se contra a chamada “Lei Federal de Combate ao Terrorismo”, que contém em si exemplos do deslizar do poder político para a extrema-direita através de medidas que tendem a sobrepor a arbitrariedade policial ao poder judicial. A Suíça é, neste momento e apesar de isso não ser repercutido na comunicação social dominante, um exemplo de como o neoliberalismo em crise busca cada vez mais a sua sobrevivência através do regime que lhe dá mais garantias: o extremismo de direita.
É fácil, e óbvio, designar 2020 como o ano do vírus, ou da Covid ou de qualquer outra coisa aparentada. Mas não será correcto. A verdadeira história do SARS-CoV-2 está toda por contar, desde as origens às confusas estatísticas, sejam as relacionadas com as causas de mortes sejam as resultantes de diagnósticos feitos com base em testes que não foram criados para fazer diagnósticos. Terá, portanto, de passar muito tempo até que se percebam todas as vertentes da pandemia de Covid-19 e respectivos efeitos sobre a formatação do mundo em que vivemos. E o mais certo é sermos confrontados com a inevitabilidade das consequências sem jamais nos ser dada a possibilidade de conhecer como na realidade tudo começou e se desenvolveu, desde a deslavada mentira do “vírus de Wuhan” – que já andava por outras partes do mundo antes de ser identificado na China – até à gigantesca campanha de terror global montada paralelamente à declaração de pandemia.
Tal como se previu ainda antes de o autoritarismo começar a cavalgar a pandemia, a COVID-19 tem as costas muito largas e nelas cabem todos os pretextos imagináveis para usar discricionariamente as alavancas dos poderes, sejam eles nacionais e, sobretudo, globais. Não existe nada tão sensível como a saúde, de cada um e de todos; nada é tão manipulável como uma sociedade reduzida ao medo, agravado através de campanhas de pânico; poucas coisas condicionam tanto os comportamentos humanos como a incerteza. E os que não convivem bem com a democracia aproveitam.
Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública? Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.
Um novo documento inquietante que aqui se revela traça os planos para um esquema de mudança de regime dos Estados Unidos contra o governo de esquerda eleito da Nicarágua, supervisionado pela USAID, a fim de implantar uma "economia de mercado", impor a repressão e expulsão dos sandinistas e instaurar a selva neoliberal. Os projectos escondem-se sob os habituais sofismas da “ajuda humanitária” e da “transição para a democracia”. Segundo os cenários elaborados, até uma “grande crise sanitária” pode ajudar ao golpe.
A explosão social em curso nos Estados Unidos na sequência da execução policial e extrajudicial de George Floyd não é nova num país que nasceu do massacre organizado e sistemáticos dos povos indígenas do seu território. É a revolta de oprimidos, explorados, discriminados e excluídos por um sistema que não sabe – nem pode – funcionar de outra maneira: com base na violência e na intimidação.
A decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de validar a ditadura da Junta de Controlo imposta a Porto Rico, emitida horas antes de o presidente norte-americano ter anunciado a repressão militar dos protestos em curso, deixa esta colónia das Caraíbas em situação muito delicada e contribui para despertar uma história esquecida por muitos. A validação judicial da experiência de ditadura nesta colónia serviu de significativo preâmbulo do anúncio presidencial que iniciou formalmente o caminho para a substituição do regime democrático pela lei marcial para reger todo o território nacional dos Estados Unidos.
Benjamin Netanyahu, o aparentemente eterno primeiro ministro de Israel, agora geminado com um dos carrascos de Gaza, Benny Gantz de sua graça, vem anunciando que a partir do início do próximo mês dará os passos governamentais, parlamentares e militares que considera necessários para anexar o Vale do Jordão, no território palestiniano da Cisjordânia. Além disso, tenciona integrar no Estado de Israel os colonatos construídos ilegalmente no mesmo território durante os últimos 60 anos. Estes movimentos representam, de facto, a extinção da chamada “solução de dois Estados” na Palestina histórica, estabelecida em 1948 pelas Nações Unidas e reactivada durante os passados anos noventa. Os criminosos não escondem o crime, os avisos estão feitos: ninguém poderá dizer que será apanhado de surpresa.
Na segunda-feira 25 de Maio, Dia dos Caídos nos Estados Unidos, George Floyd suplicava pela vida enquanto Derek Chauvin, agente da polícia de Minneapolis lhe esmagava o pescoço com um joelho contra o pavimento. “Por favor, por favor senhor agente! Não consigo respirar, não consigo respirar”, suspirava George Floyd com as mãos algemadas atrás das costas. As testemunhas dos acontecimentos pediram repetidamente a Chauvin que abrandasse a pressão, mas o agente continuou com o joelho enterrado no pescoço de Floyd. Um devastador vídeo de dez minutos registou este assassínio em câmara lenta, cada respiração mais débil que a anterior. Até que o corpo inerte de Floyd foi atirado para uma maca e transportado numa ambulância para o hospital, onde foi declarada a morte.
A Fundação Rockefeller, que mantém laços históricos com o Estado federal norte-americano, apresentou um plano nacional para controlar a epidemia de coronavírus. Tem como objectivo testar 30 milhões de pessoas por dia – despesa a ser assumida pelo Estado – e a submeter os cidadãos a um estrito controlo militar.
A pandemia de COVID-19 é mais que um “cisne negro” (um facto inesperado, pouco frequente). A pandemia certamente passará, mas a crise ficará – a social, a económica, a política – significando um mundo diferente que nem os mais ousados cientistas sociais e politólogos podem imaginar, com uma estimativa de mais de três mil milhões de desempregados.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…
RENOVAÇÃO DE ASSINATURAS |
Estimado Assinante,
Se a sua assinatura está prestes a expirar e desejar renová-la deverá proceder como anteriormente: escolher a periodicidade e a forma de pagamento.
Pode igualmente aderir à nossa acção de "assinatura solidária", contribuindo assim para reforço dos conteúdos de O Lado Oculto e assegurando a sua continuidade.
Grato pelo seu apoio
O Colectivo Redactorial