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PENTÁGONO COMETE O MAIOR ROUBO DA HISTÓRIA

Sem palavras

2018-12-28

Martha Ladesic, Washington

O Pentágono confessou que perdeu o rasto de gastos totais no valor de 21 biliões de dólares (milhões de milhões, triliões, na contagem anglo-saxónica) e fracassou na auditoria a que é obrigado por lei. Além de se tratar do maior roubo da história, a monstruosa quantia desaparecida contribuiu para a chacina de milhões de vidas humanas em todo o mundo e provocou danos materiais e ambientais impossíveis de quantificar.

A confissão do fracasso da auditoria foi feita pelo secretário adjunto da Defesa (vice-ministro) Patrick Shanon, em ambiente que os jornalistas qualificaram “de comédia” e com a ligeireza de um facto banal: “Falhámos na auditoria, mas nunca esperámos que passasse”.
Antes disso, quando se tratou de anunciar a realização da auditoria, a porta-voz do Pentágono, Dana White, especificou que a operação “demonstra o nosso compromisso com a responsabilidade fiscal, maximizando o valor de cada dólar que nos é confiado”. O objectivo, acrescentou a porta-voz, era “conquistar a confiança do contribuinte”.
Cotejados os factos e as declarações pode concluir-se que a maior máquina de morte do mundo afirma, rouba e gasta o que lhe apetece com a maior das impunidades para chacinar milhões de pessoas em todo o planeta, ao serviço de ínfimas minorias quase sempre sem rosto.

Sem rasto…

Desde a última década do século passado que todos os departamentos públicos dos Estados Unidos são obrigados a auditar as suas contas. O que foi uma imposição cumprida, ao que consta, pela maioria dos serviços tem sido uma excepção permanente para o Departamento da Defesa, apesar de possuir activos no valor assombroso de 2,2 biliões de dólares.
Em mais de setenta anos de existência na sua estrutura actual nunca o Pentágono fora sujeito a uma auditoria.
E tendo em consideração o resultado da primeira, tudo indica que a situação vai tornar-se lei.
Mais de 1200 auditores certificados dedicaram-se durante dias consecutivos a analisar as contas do Pentágono e a constatar o desaparecimento ou inexistência de milhões de comprovativos. “As discrepâncias poderão levar anos a resolver”, revelou um alto funcionário do Pentágono; isto é, nunca será apurada a maneira como os contribuintes norte-americanos estão a ser burlados.
As principais falhas na auditoria foram detectadas em três grandes áreas de despesas: com sistemas de armas, pessoal militar e activos imobiliários. De notar que os principais fornecedores de armamento do Pentágono são os maiores fabricantes de material de guerra do mundo.
Os 21 biliões (milhões de milhões) de dólares desaparecidos do Pentágono correspondem praticamente ao valor da dívida soberana dos Estados Unidos, a mais elevada do mundo e que significa quase cerca de 150% do PIB.
De notar que o crescimento do orçamento do Pentágono, cerca de 15% do orçamento global dos Estados Unidos, é contínuo e está à beira dos 800 mil milhões de dólares. Os relatórios de estratégia contendo os pressupostos dos gastos militares têm sido elaborados de maneira a sublinhar os “perigos” representados pela China e a Rússia e sugerindo uma aceleração dos ritmos de crescimento das despesas.
É provável que o fracasso da auditoria do Pentágono e o volume gigantesco das despesas sem rasto não tenham contribuído “para conquistar a confiança do contribuinte”.
O que não deixa de ser um mero pormenor. Com ou sem confiança, o contribuinte vai ter de pagar, entre outras coisas para alimentar a dezena de guerras em que o Pentágono está envolvido, para sustentar as quase mil bases norte-americanas espalhadas pelo mundo e as centenas de milhares de membros do contingente expedicionário que os Estados Unidos disseminaram um pouco por todos os cantos e recantos do planeta.

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