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MILITARISMO NIPÓNICO ESTÁ DE REGRESSO

Um dos porta-helicópteros japoneses, facilmente adaptável a aviões de descolagem vertical como os F-35B

2018-12-27

A consolidação do nacionalismo japonês no poder, através dos governos de Shinzo Abe, trouxe de novo à superfície o militarismo nipónico, que tem contado com a colaboração norte-americana através das administrações Obama e Trump.

Valentin Vasilescu, Reseau Voltaire/O Lado Oculto

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão foi inibido de possuir armas ofensivas – por exemplo, porta-aviões, bombardeiros de longo alcance, mísseis de cruzeiro e balísticos.
Porém, a Marinha japonesa possui hoje 20 submarinos de ataque (oito dos quais são AEGIS, equipados com mísseis antibalísticos) e três porta-helicópteros. O governo japonês decidiu também dotar-se com porta-aviões. As armas nipónicas deveriam ter um papel defensivo, destinadas a neutralizar ameaças pontuais. Contudo, desde que estejam operacionais ninguém conseguirá impedir o Japão de se tornar uma força ofensiva.
As negociações com os Estados Unidos mostram que o Japão pretende substituir os antigos caças F-4 e F-15 por modernos F-35A, de quinta geração. Tóquio deseja igualmente 40 aparelhos F-35B, com descolagem e aterragem vertical, para os seus navios de guerra.

Aposta nos F-35

O Japão vai dotar-se de dois novos contratorpedeiros porta-helicópteros da classe “Izumo”, de 27 mil toneladas e um comprimento de 248 metros. Estes navios serão equipados com sistemas antissubmarinos e anti navios e podem embarcar 400 efectivos de infantaria.
Em vez de transportarem helicópteros, estes vasos de guerra poderão ter a bordo até 18 caças F-35B. Deste modo, os contra-torpedeiros da classe “Izumo” transformam-se em navios de guerra semelhantes aos da classe “WASP” ou “America”.
Para possuir uma unidade expedicionária, pronta a intervir em qualquer lugar do mundo, como os Estados Unidos, apenas faltaria ao Japão um corpo de Marines (infantaria de marinha). Já não é esse o caso: em Abril de 2018 foi criada a brigada ARDB na base militar de Sasebo, perto de Nagasaki.
Os vizinhos do Japão, a China, a Coreia do Norte e a Rússia são possuidores de armas nucleares. O Japão tem um antídoto para os porta-aviões e os navios de desembarque, mas está completamente impotente contra ataques com mísseis balísticos, sobretudo nucleares. As garantias norte-americanas associadas à defesa antibalística do Japão não são suficientes.
A decisão do Japão de voltar a ser uma potência em matéria de armamento não é surpreendente e é fácil de concretizar, devido ao seu avançado estado tecnológico. Mas o mérito principal da transformação do Japão numa potência ofensiva (e até nuclear) deve ser atribuído a Donald Trump, com a sua política de “tornar (os inimigos da) América grandes outra vez”.




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