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A agressão norte-americana a Cuba é sobejamente conhecida (mas insuficientemente reconhecida), feita sem qualquer pejo moral ou intenção de maior ocultamento. O bloqueio, imposto a Cuba pelos Estados Unidos, desde 1960, é uma das condicionantes de maior peso a considerar na análise da sociedade cubana e dos eventos últimos. Um documento (datado de 1998 e hoje de acesso público) publicado pela “National Security Research Division”' da RAND Corporation, instituição de pesquisa ligada aos meios militares norte-americanos, coloca como único objectivo a mudança de regime, ou seja, o abandono da via socialista seguida por Cuba, estabelecendo uma metodologia para alcançar aquele propósito.
Alex Saab, enviado especial do governo da Venezuela para a União Africana, foi sequestrado e está detido há um ano em Cabo Verde por acção dos Estados Unidos e com base num documento da Interpol emitido já depois de ter sido feita a captura. Este caso de pirataria e sequestro, mantido à mão armada por um navio de guerra norte-americano ancorado ao largo das costas cabo-verdianas, não incomoda as sensíveis carpideiras sobre “direitos humanos”, tão prontas a dar sinais quando as violações são de outros azimutes.
O regime da Bielorrússia, com a sensibilidade de quem caça formigas com canhões, decidiu tentar resolver problemas internos através de um acto de pirataria internacional e acertou nos próprios pés. Ofereceu de bandeja a quem o ataca gratuitamente, jogando as cartas viciadas da geopolítica, um ás de trunfo que vai servir para acelerar, a partir de agora, as manobras de desestabilização e de mudança de regime que têm vindo a desenvolver-se. Para deitar a mão a um fascista mercenário de “revoluções coloridas” às ordens de Biden, Bruxelas & Cia o governo de Lukachenko acabou por provocar a mobilização geral da parafernália imperialista montada contra os “Estados párias” – e deu ainda mais alento aos múltiplos canais da russofobia. É provável, por isso, que o saldo da operação não lhe seja favorável, além de suscitar um óbvio agravamento do intervencionismo da NATO contra a Rússia. A situação gerada tem, por outro lado, a particularidade de escancarar a hipocrisia, a falta de decoro e de princípios das elites do chamado “mundo ocidental”, que entraram em delírio sem se darem conta das rasteiras em que a História as pode fazer cair. Enfim, um retrato multifacetado do mundo de hoje.
Estabeleceu-se um "cessar-fogo" nesta suposta “guerra entre o Hamas e Israel”, como afirma a comunicação social corporativa. É o habitual jogo de enganos que visa partilhar equitativamente responsabilidades numa situação de incomensurável desequilíbrio de forças e que pretende colocar no mesmo plano os criminosos e as vítimas. O que está a acontecer não é uma guerra, é um massacre de uma das partes; e o único cessar-fogo possível e credível para a situação é o reconhecimento dos direitos do povo palestiniano estabelecidos nas leis internacionais. Tudo o resto significa o arrastamento da situação e o extermínio de um povo. Interrompeu-se uma fase de chacina extrema por parte de Israel mas prossegue o massacre paulatino de povo palestiniano até novo auge ofensivo contra Gaza ou qualquer outro território ocupado da Palestina.
No dia 24 de Março deste ano, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou o decreto 117/2021 no qual determina que a política oficial do seu regime é a de “reconquistar” a Crimeia à Rússia; e identifica o porto de Sebastopol como alvo prioritário desta estratégia. A iniciativa foi acompanhada pelo transporte de avultados meios de guerra, incluindo comboios de tanques, em direcção ao Leste ucraniano, a região onde Kiev tem mantido um cerco e actos de guerra contra as populações civis, essencialmente a cargo de unidades militares e paramilitares nazis. A decisão de Zelensky provocou uma reacção simétrica por parte da Rússia: reforço das capacidades militares na Península da Crimeia e nas imediações da fronteira oriental da Ucrânia. A comunicação social corporativa, sobretudo a “de referência”, só conta esta parte da história, encaixando-a na narrativa da “agressão russa”. Para se ter uma noção da real gravidade da situação, porém, é necessário conhecer o cenário completo.
O primeiro encontro desde o século VII entre um Papa católico romano e um líder espiritual xiita, considerado este como uma “fonte de emulação”, foi um divisor de águas sob qualquer ponto de vista histórico. Será preciso que passe muito tempo para avaliar todas as implicações da imensamente intrigante conversa frente a frente de 50 minutos, apenas na presença de intérpretes, entre o Papa Francisco e o Grande Ayatollah Sistani na sua humilde casa situada num beco de Najaf, perto do deslumbrante santuário do Imã Ali.
Elon Musk, dono da Tesla, um dos homens mais ricos do mundo, twittou tranquilamente, como quem anuncia que vai jogar ténis, que “daremos o golpe em quem quisermos”. E aconselhou: “lidem com isso”. As palavras foram escritas num contexto relacionado com o golpe fascista na Bolívia, que permitiu a Musk desbloquear o livre acesso às maiores reservas de lítio do mundo, essenciais para a parte gorda dos seus negócios, os acumuladores de energia.
Os chefes da chamada “Comuna de Seattle”, uma das expressões decorrentes dos grandes protestos que atravessaram os Estados Unidos contra o assassínio pela polícia do cidadão negro George Floyd, pediram aos seguidores para desmontarem as tendas, regressarem a casa e apoiarem a campanha de Joe Biden e do Partido Democrata para as eleições presidenciais de Novembro. Terminou assim, nas mãos do sistema dominante, um mês de ira e revolta genuínas, na América e também na Europa, contra o racismo e, em alguns casos, contra o neoliberalismo em particular e o capitalismo em geral. Como era de prever, para que tudo continue na mesma – ou pior.
Incapazes de vencer a guerra de agressão lançada há já nove anos contra a Síria, os Estados Unidos e a União Europeia têm vindo a confirmar, durante as últimas semanas, a sua mudança de estratégia para tentar colocar em Damasco os seus servidores: impor a fome ao povo sírio em cima da pandemia de COVID-19 e provocar uma explosão social interna.
Por muito que se especule noutros sentidos, a questão energética e as rotas de abastecimento de petróleo e gás natural continuam a talhar as coisas do mundo. E permanecem essenciais no pós-Lockdown ou o falado “novo normal”. Pelo que as guerras dos pipelines continuam activas: aí, entre destroços de vários projectos, estão no caminho do êxito pleno os que materializam a cada vez mais forte parceria estratégica entre a Rússia e a China e também os laços que, para desespero de Washington, canalizam energia russa para dois relevantes membros da NATO – Alemanha e Turquia.
Benjamin Netanyahu, o aparentemente eterno primeiro ministro de Israel, agora geminado com um dos carrascos de Gaza, Benny Gantz de sua graça, vem anunciando que a partir do início do próximo mês dará os passos governamentais, parlamentares e militares que considera necessários para anexar o Vale do Jordão, no território palestiniano da Cisjordânia. Além disso, tenciona integrar no Estado de Israel os colonatos construídos ilegalmente no mesmo território durante os últimos 60 anos. Estes movimentos representam, de facto, a extinção da chamada “solução de dois Estados” na Palestina histórica, estabelecida em 1948 pelas Nações Unidas e reactivada durante os passados anos noventa. Os criminosos não escondem o crime, os avisos estão feitos: ninguém poderá dizer que será apanhado de surpresa.
O governo conservador britânico de Boris Johnson criou uma Unidade Secreta” com o deputado venezuelano Juan Guaidó (autoproclamado “presidente interino”) com o objectivo de derrubar o chefe de Estado constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro, para depois partilhar as riquezas do país, revela uma investigação do portal The Canary.
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