RÚSSIA E CUBA ESTABELECEM PARCERIA ESTRATÉGICA

2018-11-02
Castro Gomez, Moscovo
A Rússia e a República de Cuba assinaram uma parceria estratégica no início da visita do presidente cubano Diaz-Canel a Moscovo, iniciada na sexta-feira, 2 de Novembro. A parceria inclui a instalação de um sistema global de navegação por satélite (Glonass) em solo cubano.
Os presidentes Vladimir Putin e Diaz-Canel realizaram um primeiro encontro logo no início da visita, seguido de uma conferência de imprensa. Durante a reunião com os jornalistas, Putin salientou que “Rússia e Cuba sempre defenderam a observância estrita dos princípios básicos do direito internacional estabelecidos na Carta das Nações Unidas, incluindo o respeito pela soberania e pelos interesses de todos os Estados, a inadmissibilidade da coerção, o recurso a sanções unilaterais e a interferência nos assuntos internos”.
A declaração coincide com a realização de uma votação nas Nações Unidas pelo fim do bloqueio a Cuba, na qual os Estados Unidos e Israel ficaram isolados perante 198 Estados membros da organização.
O embaixador de Cuba na Rússia declarou recentemente que os prejuízos causados ao país pelo bloqueio norte-americano atingiram os quatro mil milhões de dólares nos últimos 12 meses.
A declaração coincide igualmente com a instauração de novas sanções contra a Venezuela impostas pelos Estados Unidos, exactamente nos dias em que foi eleito um presidente brasileiro agressivo em relação a Caracas, defendendo mesmo a utilização da força militar.
Nos termos da parceria estratégica, Moscovo e Havana mostraram-se dispostos a trocar informações que contribuam para travar a corrida aos armamentos no espaço, uma acção que os Estados Unidos decidiram recentemente reactivar – reservando orçamento para o efeito.
Cooperação civil
Além da instalação em Cuba de uma estação de navegação por satélite, Moscovo e Havana estabeleceram um acordo de assistência permitindo que a Rússia contribua para desenvolver as infraestruturas de transportes cubanas de maneira a triplicar o movimento de passageiros e a duplicar o de carga.
Entre outras ações previstas salienta-se a restauração do Capitólio Cubano até 2019, a executar por empresas russas.
Diaz-Canel informou, entretanto, que convidou Putin a visitar Cuba para o ano, acrescendo que o presidente russo “será muito bem-vindo”
Reforço da cooperação militar
Entretanto, têm-se acumulado os indícios de que Moscovo e Havana estão também em vias de reforçar a cooperação militar.
“Na situação actual de tensões acrescidas no mundo e de intervenção clara nos assuntos de outros países – habituais parceiros da Rússia – o nosso regresso à América Latina não está posto de parte”, declarou recentemente Viktor Bondaev, presidente da Comissão de Defesa da Câmara Alta da Duma (Parlamento).
“A presença em Cuba até 2002 ajudou a desencorajar os Estados Unidos de agredir territórios que Moscovo considera na sua esfera de interesses”, acrescentou Bondaev.
Sabe-se que Moscovo e Havana têm estado a negociar um empréstimo superior a 50 milhões de dólares a Cuba para que este país possa investir em armamento russo, segundo o jornal Kommersant, de Moscovo.
O interesse recai, designadamente, em tanques e helicópteros militares, além de peças de substituição para material russo comprado anteriormente, como tanques T-62 e veículos armados do tipo APC-60, de acordo com a mesma fonte.