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GOLPE EM CIMA DE GOLPE NA BOLÍVIA

A Bolívia tem um longo histórico de golpes e repressão militar

2020-03-24

Paulo Moreira Leite, Jornal 247/O Lado Oculto

Marcadas para 3 de Maio, as eleições para a escolha do novo presidente da Bolívia acabam de ser adiadas por decisão da Justiça Eleitoral daquele país. O facto de o adiamento ser “por tempo indeterminado” representa um novo golpe no país.

Embora o governo tenha justificado a medida em função da pandemia do coronavírus, há uma questão democrática a ter em conta. Em vez marcar uma nova data para a consulta - num dia qualquer de Dezembro, por exemplo - a Justiça Eleitoral decidiu adiar as eleições por "tempo indeterminado".

Evitou-se, assim, um compromisso firme com a retomada do processo eleitoral, cautela essencial num país com imensa história de instabilidade política. No episódio mais recente, em Novembro de 2019, ocorreu a um golpe de Estado que forçou a renúncia de Evo Morales, permitindo a posse da autoproclamada presidente, Jeanine Añez, até hoje no cargo.

Até agora, as últimas sondagens indicavam que, com 31%, o sindicalista Luis Arce, aliado de Evo Morales, já estava consolidado no primeiro lugar. Acumulava mais do que o dobro das intenções de voto de Carlos Mesa, adversário que disputou a eleição com Evo Morales, ficando a própria Añez em terceiro.

Outro aspecto é a geopolítica continental. Donald Trump retomou o discurso agressivo contra a Venezuela de Maduro, aliada provável de um eventual governo do candidato da corrente política de Evo Morales.

Outro factor é a posição do Brasil. Uma das utilidades do acordo diplomático-militar assinado por Jair Bolsonaro com os Estados Unidos será reforçar os laços entre Brasília e Washington, permitindo uma pareceria mais ajustada, inclusive para acções na região.

Em 3 de Novembro, o eleitorado dos Estados Unidos irá às urnas para votar para presidente. É possível que só depois disso a população boliviana tenha direito a escolher o seu novo presidente nas urnas, retomando eventualmente um processo interrompido um ano antes, pelo golpe que forçou Evo a renunciar.

Alguma dúvida? 


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