UCRÂNIA NA NATO, GUERRA MAIS PRÓXIMA
2019-02-14
Danlio Minucci, Il Manifesto/O Lado Oculto
Afastando-se cada vez mais dos princípios democráticos, o Parlamento da Ucrânia colocou fora da lei os partidos políticos e as personalidades que contestam o projecto de adesão à NATO e à União Europeia.
Um dia depois da assinatura do protocolo de adesão da Macedónia à NATO, como 30º membro, a Ucrânia concretizou uma acção sem precedentes: incluiu na Constituição o compromisso de entrar oficialmente na NATO e simultaneamente na União Europeia.
No dia 7 de Fevereiro, sob proposta do presidente Petro Poroshenko – o oligarca que enriqueceu graças ao saque das empresas públicas, e que é de novo candidato à Presidência – o Parlamento de Kiev aprovou emendas à Constituição (334 votos a favor, 35 contra e 16 abstenções).
O Preâmbulo enuncia o “percurso irreversível da Ucrânia para a integração euro-atlântica”; os artigos 85º e 116º decretam que um dever fundamental do Parlamento e do governo é “obter a pertença plena da Ucrânia à NATO e à UE”; o artigo 102º estipula que “o presidente da Ucrânia é o garante do percurso estratégico do Estado para obter a plena pertença à NATO e à UE”.
A inclusão na Constituição ucraniana do compromisso de entrar oficialmente na NATO tem consequências muito graves.
No plano interno, esta escolha aliena o futuro da Ucrânia, excluindo qualquer alternativa e coloca, de facto, fora de lei os partidos e as pessoas que se opõem “ao percurso estratégico do Estado”. Logo na segunda-feira, 11 de Fevereiro, a Comissão Eleitoral impediu Petro Simonenko, dirigente do Partido Comunista da Ucrânia, de participar nas eleições presidenciais de Março.
A mão nazi
O mérito de ter introduzido na Constituição o compromisso de fazer entrar oficialmente a Ucrânia na NATO cabe especialmente ao presidente do Parlamento, Andriy Parubiy. Cofundador, em 1991, do Partido Nacional-Social da Ucrânia, segundo o modelo do Partido Nacional-Socialista de Adolfo Hitler; chefe das formações paramilitares neonazis utilizadas em 2014 no golpe da Praça Maidan, sob a direcção EUA/NATO, e no massacre de Odessa; chefe do Conselho de Defesa e Segurança Nacional que, com o Batalhão Azov e outras unidades neonazis, ataca os civis ucranianos de nacionalidade russa na parte oriental do país e se dedica, com estes esquadrões, a ataques ferozes, saques, sequestros políticos e autos-de-fé em verdadeiro estilo nazi.
No plano internacional, tenhamos em consideração que a Ucrânia já faz parte, de facto, da NATO, de que é um país parceiro: por exemplo, o Batalhão Azov, cuja vocação nazi é representada por um emblema decalcado da unidade SS Das Reich, foi transformado em regimento de operações especiais, equipado com veículos blindados e treinado por instrutores da 173ª Divisão aerotransportada dos Estados Unidos, transferidos de Vicenza (Itália) para a Ucrânia, secundados por outros também pertencentes à NATO.
Como a Rússia é acusada pela NATO de ter anexado ilegalmente a Crimeia e de efectuar acções militares contra a Ucrânia, se este país entrar oficialmente na aliança, os outros 30 membros, com base no artigo 5º, deverão “assistir a parte ou as partes assim atacadas tomando tão depressa quanto possível, individualmente e de acordo com as outras partes, a acção que julgue necessária, incluindo o emprego de força armadas”.
Silêncio tumular
Por outras palavras, deverão entrar em guerra com a Rússia.
Sobre estas perigosas implicações da Constituição ucraniana – certamente por detrás das quais estão os estrategos Estados Unidos/NATO – caiu na Europa um silêncio político e mediático. Incluindo do Parlamento italiano, que em 2017 estabeleceu um acordo de entendimento com o Parlamento ucraniano, assinado por Laura Boldrini e Andriy Parubiy: assim foi reforçada a cooperação entre a República Italiana, nascida da resistência contra o fascismo e o nazismo, e um regime que criou na Ucrânia uma situação análoga à que conduziu ao aparecimento do fascismo nos anos vinte e do nazismo nos anos trinta.