GIGANTES DO CAFÉ LUCRAM COM TRABALHO INFANTIL
2020-03-06
Grandes empresas transnacionais do comércio e abastecimento de café, como a Nespresso (grupo Nestlé) e a Starbucks norte-americana, recorrem a trabalho de crianças entre os oito e os 13 anos na Guatemala, pagas miseravelmente, revelaram jornalistas de meios de comunicação britânicos.
Uma equipa de jornalistas de investigação do programa Dispaches da cadeia britânica Channel 4 “filmou crianças a trabalhar 40 horas em condições atrozes a apanhar café com uma retribuição diária pouco maior que o preço de um café com leite” em qualquer estabelecimento do Reino Unido. Durante a sua investigação, os jornalistas visitaram sete quintas ligadas à Nespresso e cinco à Starbucks e encontraram casos de trabalho infantil em todas elas.
De acordo com os jornalistas, algumas crianças não tinham mais de oito anos e chegam a trabalhar oito horas por dia, seis dias por semana. São pagas segundo o peso dos grãos que apanham; cada saco pode pesar até 45 quilos.
“Por norma”, dizem os autores do trabalho, “cada criança recebe menos do que o equivalente a seis euros por dia”; em alguns casos o trabalho pode corresponder a 27 cêntimos por hora.
De acordo com dados da Unicef, uma em cada duas crianças na Guatemala sofre de desnutrição crónica – o pior índice na América Latina e o sexto mais grave do mundo. A situação decorre, segundo as Nações Unidas, da elevada pobreza e da enorme desigualdade económica existente neste país da América Central.
Contactadas pelos jornalistas do Dispaches, tanto a Starbucks como a Nespresso afirmam que têm “tolerância zero” em relação ao trabalho infantil.
De acordo com os autores da reportagem, a Starbucks tem lucros anuais globais superiores a 23 mil milhões de euros.
