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O FASCISMO MASSACRA NA BOLÍVIA

A emboscada militar fascista na ponte de Huayllani

2019-11-16

Luís O. Nunes, La Paz

Uma operação repressiva efectuada por uma força combinada de polícia e forças armadas provocou pelo menos cinco mortos e dezenas de feridos entre os trabalhadores rurais bolivianos que pretendiam alcançar a cidade de Cochabamba, como etapa de uma marcha até La Paz para manifestarem solidariedade com o presidente deposto, Evo Morales. 

Do México, Morales recordou que o massacre foi cometido no mesmo dia em que “em 1781 o irmão Tupac Katari foi executado pelo jugo espanhol; agora os líderes do golpe matam indígenas e humildes por pedirem democracia”.

Omar Calle, César Sipe, Juan López, Emilio Colque e Lucas Sánchez são as vítimas mortais, executadas pela polícia na tarde de sexta-feira, dia 15. Pelo menos outras 34 pessoas ficaram feridas e mais de cem foram presas, segundo um dirigente popular dos cocaleros, trabalhadores das plantações de coca, Nelson Cox. As informações foram confirmadas posteriormente pelo Ministério da Presidência da Bolívia.

A chacina cometida pelo regime interpretado por Jeanine Añez, Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho, el Macho, aconteceu na cidade de Sacaba, capital da província de Chapare, onde seis federações de cocaleros do Trópico de Cochabamba iniciaram a marcha para esta cidade, que dista cerca de 13 quilómetros, para depois seguirem em direcção a La Paz.

Nas imediações da ponte de Huayllani, os efectivos policiais e militares tinham montado uma emboscada e cercaram os manifestantes abrindo fogo com munições reais. Entretanto formaram um cordão na ponte para travar a continuação da marcha dos cocaleros.

Um manifestante afirmou depois que “queremos liberdade e até que renuncie a autoproclamada presidente vamos continuar as nossas marchas e a bloquear estradas. O Trópico de Cochabamba viveu em paz durante 14 anos, durante os quais não houve estes conflitos, massacres e roubos. A nossa marcha é pacífica”. 

Pouco depois, os manifestantes voltaram a organizar um cortejo até à ponte transportando as vítimas já em caixões e exigindo que seja feita justiça.

A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) pronunciou-se sobre os acontecimentos condenando “o uso desproporcionado da força policial e militar”. Salientou igualmente que as “armas de fogo devem ser excluídas dos dispositivos utilizados para controlar os protestos sociais”.

“A verdadeira ditadura”

Na Cidade do México, onde está exilado, o presidente deposto, Evo Morales, escreveu no Twitter que “para justificar o golpe, Mesa e Camacho acusaram-nos de ‘ditadura’. Agora, a sua autonomeada presidente e o seu gabinete de advogados de defesa de estupradores e repressores massacram o povo com as Forças Armadas como a verdadeira ditadura”.

Morales escreveu ainda que “o uniforme das instituições da pátria não podem ser machados com o sangue do nosso povo”. 

Andrónico Rodriguez, vice-presidente das federações cocaleras, afirmou que “rechaçamos energicamente a autoproclamação da senhora Jeanine Añes, que como segunda vice-presidente do Senado se nomeou presidente, o que é totalmente inconstitucional. Exigimos”, acrescentou, “que Evo Morales retome a presidência porque o seu mandato presidencial é até 22 de Janeiro de 2020”.

Entretanto, as instituições golpistas sob o comando da presidente autoproclamada, a rogo dos verdadeiros intérpretes do golpe, Carlos Mesa e o fascista Camacho, estenderam à comunicação social estrangeira as chantagens e as ameaças que exercem sobre a população que contesta o golpe, tentando impedir os relatos sobre a onda de violência que assaltou o país.


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