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CRIME DO VOO MH17: COMISSÃO INTERNACIONAL ESCONDE O CRIMNOSO

MH17: o segredo está nos destroços. Se quisessem desvendá-lo

2018-10-05

Castro Gomez, Moscovo; com Sylvie Moreira, Amesterdão

O crime envolvendo o Boeing 777 da Malasya Airlines que fazia o voo MH17  entre Amesterdão e Kuala Lumpur, em 17 de Julho de 2014, com 298 pessoas a bordo, é um caso penoso de manipulação da opinião pública pelo qual são responsáveis alguns dos mais poderosos dirigentes mundiais. Abatido sobre a região da Ucrânia onde as tropas regulares de Kiev procuram submeter as populações que se opõem ao regime fascista, o aparelho só pode ter sido vítima de uma de duas acções militares: o disparo de um míssil Buk de fabrico soviético; ou um bombardeamento realizado por caças Sukhoi ucranianos detectados junto do aparelho na altura em que foi abatido. Provas factuais em poder da Comissão Internacional de Investigação (JIT) revelam a responsabilidade da Ucrânia no crime. A JIT continua a acusar a Rússia.

Estudando os dados disponíveis sobre o atentado que provocou a morte a 298 pessoas, a maioria das quais de nacionalidade holandesa, é possível não apenas apurar as hipóteses mais viáveis do crime como registar as manobras, distorções e omissões praticadas pela comissão internacional, e através das quais transformou a investigação na demonstração forjada de uma culpa atribuída à partida: a Rússia teria cometido o crime actuando por detrás das forças russófonas da região de Donbass.
A Comissão Internacional à qual o Conselho de Segurança da ONU entregou a tarefa de realizar uma “investigação exaustiva, minuciosa e independente” apresentou os resultados do seu trabalho em 24 de Maio deste ano, em Amesterdão. Veredicto: o avião foi derrubado por um míssil terra-ar Buk pertencendo à Brigada Russa de Defesa antiaérea 53, com base em Kursk. A Holanda e a Austrália informaram oficialmente a Rússia da conclusão; este país integrou inicialmente a comissão mas foi excluído pouco depois, quando os investigadores começaram a coleccionar supostas provas do seu envolvimento no crime.
Moscovo recusou-se a aceitar as conclusões, declarando que continua a manter-se disponível para fornecer todos os dados que permitam fazer luz sobre os acontecimentos.
A comissão, porém, não integrou alguns dos mais significativos e conclusivos factos probatórios na sua corrente de investigações.

Das duas uma

A comissão internacional e “independente” marginalizou ainda outros dados factuais, além dos que lhe foram facultados pela parte russa.
Por exemplo, não existem indícios de que tenham sido levadas em conta as informações divulgadas nas redes sociais por um controlador aéreo espanhol trabalhando na torre de controlo de Kiev, na altura da tragédia, e que afirma ter detectado dois aviões militares junto do Boeing imediatamente antes de ter sido derrubado.
Tão pouco são tidas em consideração as análises dos destroços da cabina feitas por especialistas de todo o mundo, inclusivamente de um técnico canadiano da Organização para a Cooperação e a Segurança na Europa (OSCE), segundo as quais o avião malaio tinha sinais de tiros de metralhadora na fuselagem.
Intrigante é também a utilização feita pela comissão de inquérito dos dados brutos da vigilância por radar do espaço aéreo da região, enviados pela Rússia para a Holanda. Trata-se de uma informação exaustiva e completamente objectiva, que não pode ser alterada; contudo, os resultados dela extraídos por especialistas desconhecidos a quem os investigadores recorreram são absolutamente incompatíveis com a matéria original.

Falsificações

No meio da teia de dados e elementos utilizados na investigação surgem imagens e vídeos comprovadamente falsificados; e também filmes e gravações áudio legítimas mas que foram ostensivamente ignoradas.
Estes casos tonaram-se mais evidentes a partir do momento em que o Ministério russo da Defesa resolveu aprofundar os conteúdos do relatório da comissão – presidida pela Holanda e integrando representantes da Alemanha, Austrália, Ucrânia, Estados Unidos, França, Malásia e Reino Unido.
O Ministério russo da Defesa tem provas de que os vídeos usados pela comissão de averiguação sobre o envolvimento do sistema Buk no derrube do aparelho são manipulados. Uma análise das gravações demonstra que as ilusões de movimento da câmera foram criadas a partir de uma cena estática, uma vez que todos os outros elementos no campo visual – folhas, árvores e arbustos – permanecem imóveis.
Associados à manipulação dos vídeos poderão estar, segundo analistas dos materiais recolhidos ao longo destes quatro anos, colaboradores do site/blog Billingcat, conhecido por ter ligações com o Conselho do Atlântico.
Ao invés, a comissão rejeitou uma gravação áudio minuciosamente investigada pelas autoridades russas e que reproduz um diálogo entre oficiais ucranianos alusivo ao “derrube do avião”. A comissão não admitiu o documento, nem sequer para avaliar a sua autenticidade. Pura e simplesmente, de uma maneira suspeita recusou-se a inclui-lo na matéria em investigação.
Entre os dados arrolados, longe de traduzirem uma revisão exaustiva da matéria disponível, não deixa de ser intrigante o que se passou com o silenciamento dos resultados apurados por uma comissão parlamentar de inquérito holandesa sobre o derrube do Boeing malaio. Uma informação divulgada nas redes sociais pelo deputado democrata cristão holandês Pieter Omtzigt deu conta de que em 22 de Janeiro de 2016, reunida à porta fechada, a comissão parlamentar concluiu que apenas a parte ucraniana poderia ser a autora do crime. Nessa reunião, os deputados holandeses usaram como elementos para extraírem a conclusão os que lhes foram fornecidos por Harm Brower, coordenador do grupo especial formado por representantes dos serviços secretos e do Ministério da Defesa. Segundo os deputados holandeses, apenas a Ucrânia dispunha de sistemas Buk operacionais no Donbass.
Um manto de silêncio cobriu as conclusões da comissão parlamentar de Haia.

886847349, o número que pode explicar tudo

Até que esta abordagem foi retomada no passado dia 16 – e de uma forma que pode esclarecer quem desejar ser esclarecido sobre o crime do voo MH17.
O Ministério russo da Defesa demonstrou que, a partir de uma análise minuciosa dos destroços do aparelho, foi possível reconstituir o número do míssil Buk supostamente utilizado no atentado: 886847349.
Seguindo os rastos históricos do engenho apurou-se que este míssil foi fabricado em 1986, em instalações situadas nos arredores de Moscovo, e enviado para uma unidade militar na Ucrânia soviética, então a 221ª Brigada de Defesa Aérea. A partir daí, o engenho nunca mais saiu de território ucraniano – informação transmitida por Moscovo à comissão internacional de inquérito. Depois da extinção da União Soviética, a citada unidade foi integrada nas Forças Armadas da Ucrânia e passou a ser conhecida como 223º Regimento de Defesa Aérea, localizado na região de Lvov, no ocidente do país, mais propriamente na cidade de Stryi.
Este regimento tem ao seu serviço um sistema de defesa antiaérea de mísseis Buk e participou várias vezes, durante o ano de 2014, em operações chamadas “antiterroristas” nas regiões de Donetsk e Lugansk, onde o avião malaio foi abatido. É neste enquadramento que o míssil 886847349 se reencontra com as conclusões da comissão parlamentar holandesa de 2016, entretanto silenciadas, tornando evidente a responsabilidade do regime de Kiev pelo crime.
Até ao momento, a comissão internacional de inquérito não deu sinais de disponibilidade para introduzir estes dados na sua matéria para a investigação, entretanto sumariamente encerrada.
Entretanto, a opinião pública mundial e as instâncias internacionais continuam a ser burladas quanto ao que de facto aconteceu naquele dia 17 de Julho de 2014 e que sacrificou 298 vidas inocentes.
Tanto quanto nos é dado saber factualmente, arma do crime foi uma de duas: caças Sukhoi, que na circunstância só poderiam ser ucranianos; ou o míssil com o número revelado, e que pertence às Forças Armadas ucranianas. A Comissão de Inquérito, por outro lado, não revelou a identificação do suposto míssil Buk que diz ter sido disparado da Base de Defesa Antiaérea 53, em Kursk, na Rússia.
Para quem não está disposto a sujeitar-se a um caso repugnante de propaganda de guerra, ficam os dados comprovativos de que o crime do voo MH17 é da responsabilidade do regime fascista implantado em Kiev através de um golpe patrocinado pelos Estados Unidos e a União Europeia.
É para proteger esse regime criminoso que a verdade oficial não passa de uma versão caricatural dos factos realmente ocorridos.



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