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DERRUBE DE AVIÃO RUSSO FOI ACTO DE GUERRA DE ISRAEL

Defesa antiaérea síria respondendo ao ataque de aviões F-16 israelitas contra instalações científicas em Latáquia

2018-09-27

Edward Barnes, Damasco; com Castro Gomez, Moscovo

Não foi engano nem acaso. O derrube de um avião militar de observação russo na Síria, em 17 de Setembro, foi um acto de guerra da responsabilidade de Israel e no qual participaram meios militares do Reino Unido e da França, a par de mercenários ditos “islâmicos”. As imagens de satélites que estão registadas valem muito mais que os desmentidos e as explicações de conveniência. Moscovo já respondeu anunciando o reforço da capacidade de defesa antiaérea síria com baterias S-300.
O aparelho russo, um turbopropulsor a hélice Il-20, com 14 pessoas a bordo, foi abatido a cerca de 35 quilómetros das costas sírias quando regressava à base aérea de Hmeymim, na noite de 17 de Setembro. O derrube ficou a dever-se directamente a um míssil da defesa antiaérea síria, que respondia a um ataque de quatro caças israelitas F-16 realizado a partir de águas internacionais. Fontes militares sírias afirmam que as imagens captadas por vários satélites revelam que um dos aparelhos agressores israelitas se escondeu atrás do avião russo para escapar ao míssil sírio. A atitude de se esquivar usando um avião de um terceiro país para escapar à defesa antiaérea inimiga é considerado um acto de guerra.
O aparelho russo realizava um voo de observação do comportamento das forças ocidentais e dos movimentos dos drones terroristas no momento em se se desencadeou uma batalha no quadro da qual os caças israelitas atacaram o Instituto de Indústrias Técnicas de Latáquia.
Este tipo de operação integra-se no programa israelita de destruição sistemática das instalações científicas com eventuais aplicações militares em vários países do Médio Oriente – designadamente Síria, Irão e Iraque. É nesse âmbito que se insere a vaga de assassínios selectivos de cientistas de várias nacionalidades e de diferentes países da região.
No cenário em que se verificou o derrube do avião russo fica claro que o aparelho visado não conduzia qualquer operação hostil e actuava no âmbito da presença militar que a Síria solicitou a Moscovo para se defender da agressão internacional de que é vítima há sete anos. A base de Hmeymin é um dos complexos militares utilizados pelas forças russas.
Ficou ainda demonstrado que a defesa antiaérea síria derrubou vários mísseis disparados pelos aviões israelitas e que só não atingiu um destes por se ter “escondido” atrás do aparelho russo.
Não existem também quaisquer dúvidas quanto ao carácter hostil do comportamento israelita e à legitimidade da actuação da defesa antiaérea síria.
Vários satélites registaram imagens dos acontecimentos e permitem testemunhar a entrada na zona de conflito de um avião Torpedo da força érea do Reino Unido, o que aconteceu imediatamente antes do ataque israelita. Revelam ainda que a fragata francesa Auvergne disparou mísseis contra o território sírio, informação na qual o governo de Damasco se baseia para acusar Paris de um acto de agressão. O executivo de Macron desmente o que está demonstrado.
Os Estados Unidos consideram a Síria responsável pelo derrube do aparelho russo, ainda que por inadvertência. O Pentágono tem em seu poder os elementos que lhe permitiriam tomar uma outra posição sobre o assunto.
Moscovo continua a exigir explicações ao regime de Telavive, tanto mais que os dois países têm mantido contactos a propósito da questão síria que permitiram algumas decisões pontuais, designadamente a retirada de militares iranianos para um perímetro a 80 quilómetros da zona de demarcação. Netanyahu diz que procede a averiguações.
Em Moscovo, analistas militares consideram que não há muitas averiguações a fazer perante as evidências demonstradas pelas imagens de satélite, pelo que admitem a possibilidade de a Rússia passar a encarar de outra forma as constantes agressões de Israel contra a soberania síria.  O envio de baterias aéreas S-300 russas para a Síria, e que tornará praticamente impossível o sobrevoo da Síria por aviões militares israelitas, franceses e britânicos, significa que, de facto, algo começou a mudar.

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