A GLOBALIZAÇÃO E AS ESCOLHAS DOS BRASILEIROS
2018-09-21
Zillah Branco, especial para O Lado Oculto
O imperialismo expandiu seus tentáculos amarrados ao capital em processo globalizante. A certeza de que "compravam a consciência planetária com moedas" fez esquecer que os mais ávidos roubam até a própria mãe e que os mais humildes precisam de comer para sobreviver. Na verdade, mesmo vestidos de social-democracia anti-revolucionária embarcaram na caravela do neo-capitalismo que surgiu recriando a luta de classes com novas feições. De que lado estamos?
Em vez de estruturarem os Estados para atender às necessidades de desenvolvimento dos seres humanos, criaram cofres de acordo com os interesses bancários que estabelecem um tecto exíguo para a educação, a cultura, a saúde, a segurança social, a habitação e os transportes; e as empresas seguiram o mesmo modelo, criando cofrezinhos com tecto para os salários dos trabalhadores e cofre maior para o patronato.
As manifestações de trabalhadores sucedem-se exigindo aumentos salariais, estabilidade no emprego, descongelamento de salários, progressão na carreira; e os governantes, com ar compungido, dizem "não há dinheiro". Mas todos acompanham os mil processos por corrupção que envolvem patrões e intermediários do sistema financeiro, o modo como se recheiam os bancos falidos, festas para centenas de basbaques à venda, festas de baixo valor artístico e cultural e altíssimo som, tudo para "alegrar uma humanidade tratada como robôs débeis mentais". Foi Temer quem pretendeu brilhar mais que outros governantes, congelando por vinte anos as despesas sociais, sem pensar que passava da conta até mesmo para os seus colegas europeus.
Então surge um Trump que repete discursos da Ku-Klux-Klan e fala grosso como Hitler para invadir países ricos em petróleo e civilização antiga sem utilizar os seus exércitos, agora substituídos por grupos terroristas formados e armados pelos Estados Unidos e Israel. Foi demais para quem se preocupa em ser, ou parecer, social-democrata. O mundo perdeu o pé, escorregou nos excessos da austeridade recomendada pelo FMI; a União Europeia, tendo herdado o fluxo de fugitivos das invasões da NATO e as grosserias do parceiro Trump que se pensa o chefe do planeta, enfrentou a saída da Inglaterra da família europeia e revelou as contradições insuperáveis entre acumulação de capital e desenvolvimento produtivo. E como fica a questão dos direitos humanos e os deveres da ONU?
Duas semanas para decidir
Mas os povos saíram do efeito das drogas transmitidas pelos media e enxergaram a raiz dos seus males: o imperialismo e o neocapitalismo. Com a recuperação da capacidade de raciocínio humano resolveram protestar e mudar os governos, redefinindo as funções dos Estados. São duas classes: as elites poderosas e os que trabalham para sobreviver.
Resta o problema dos que haviam entrado no caminho dos terroristas e só querem vingança. Mas a maioria respira fundo, assume a responsabilidade que deveria ser dos governantes incompetentes e mal formados e traça projetos de organização das sociedades e da economia. Afinal a História sempre foi empurrada pelos povos.
Assim está o Brasil nesta campanha eleitoral (que chama a atenção mundial por ter sequestrado o ex-Presidente Lula, que tem a maioria dos votos dos brasileiros; e pela extrema-direita terrorista, que aniquilou o centro-direita tradicional); e estão os países aparentemente bem comportados na Europa (onde os partidos nazis florescem) com programas de governo neoliberais sob a tutela imperialista.
A corrida dos candidatos brasileiros já deixou alguns pelo caminho, que terão de superar a vaidade e escolher a classe que defende a Pátria ou a entrega ao Império que a quer escravizada. O programa que cada candidato defende é mais importante que a sua pessoa, pois o povo está organizado em dezenas de grupos que lutam pela sua emancipação social e o direito a participar na condução da política nacional. A esquerda já deu o primeiro passo com a aliança entre o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
A direita radical carrega os militares golpistas na sua no seu rasto. É uma séria ameaça do retorno da ditadura, que continua a aguardar o momento para reaparecer.
As sondagens de várias empresas especializadas têm previsto cerca de 20% para a direita de Jair Bolsonaro, que agora foi alcançado e superado por Fernando Haddad (PT)/Manuela D’Ávila (PC do B) depois de Lula ter sido impedido de receber os seus 40% de votos. Seguem-se Geraldo Alkymin com 10%, logo abaixo Ciro Gomes, depois Marina Silva e outros com menos probabilidades. Temos apenas duas semanas para definir o futuro do Brasil. A situação é clara para quem tem consciência cidadã.