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ESPIONAGEM DOS EUA TEIMA EM FUGIR ÀS LEIS

Sem palavras

2019-01-26

Martha Ladesic, Washington

A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos continua a actuar fora das leis, designadamente no que diz respeito à recolha e partilha de informações sobre os cidadãos obtidas clandestinamente, conclui um relatório oficial divulgado já este mês nos Estados Unidos.

A situação de ilegalidade dos serviços de espionagem norte-americanos mantém-se mais de seis anos passados sobre as denúncias públicas reveladas e provadas pelo antigo funcionário Edward Snowden.
Um relatório dos serviços oficiais de inspecção detectou que a NSA continua a obter e a partilhar dados sobre os cidadãos norte-americanos e estrangeiros com base em normas desactualizadas e que estão longe de corresponder aos padrões legais. A partilha é feita não apenas com serviços de espionagem dos parceiros tradicionais – os chamados Cinco Olhos (Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, além dos Estados Unidos) - mas também com agências de países da União Europeia, como a França e a Alemanha. O documento qualifica estes dois países como “parceiros regulares” das actividades que violam as normas de privacidade dos cidadãos.

Espionagem em todas as direcções

O “encerramento do governo”, o chamado “shutdown” do governo dos Estados Unidos que afinal foi ultrapassado com uma reconciliação unânime de democratas e republicanos sem que a construção do muro “anti-imigração” seja, de facto, cancelada, não prejudicou, aliás, os programas de desenvolvimento e as actividades de expansão da espionagem global.
Nas últimas semanas foi intensificada a chamada “operação de monitorização” de forças russas e chinesas, designadamente com reforço das intercepções rádio. Trata-se de modernizar a capacidade de interferir e captar comunicações militares sofisticadas de alta frequência, um projecto de desenvolvimento que chega a ultrapassar em importância o da inteligência cibernética.
Além do recrutamento de técnicos especializados em actividades de intercepção, o programa prevê um aumento da rede de estações não apenas em solo norte-americano como de outros países para lá dos Cinco Olhos, como por exemplo o Japão.
O objectivo globalizante destes desenvolvimentos fica demonstrado também através do aumento das actividades de espionagem e intercepção em “zonas de crise”, como a Síria e a Ucrânia, sendo perceptível e inquietação provocada pelas novas e avançadas capacidades russas para “cegar” as comunicações electrónicas entre canais militares de países da NATO.
O Mar Negro e, sobretudo, a Síria têm sido as regiões onde as diligências ofensivas dos Estados Unidos e outros países da NATO depararam com situações de interrupção das comunicações, evoluindo para a criação de zonas de exclusão aérea. Os esforços norte-americanos nesses sectores da espionagem surgem precisamente depois de importantes contratempos já ocorridos com a Marinha norte-americana no Mar Negro e com a aviação norte-americana e israelita ao tentarem violar o espaço aéreo sírio.
Por exemplo, o número de vôos da aviação norte-americana na Síria supostamente contra o Estado Islâmico, e que depois se transformam em chacinas de civis, diminuiu drasticamente desde que a Rússia equipou a defesa síria não apenas com os mísseis S-300 nas também com os postos móveis de interferência electrónica complementares.
Coincidência, ou não, foi pouco depois da entrada em funcionamento dos novos mecanismos de defesa síria que Donald Trump anunciou a intenção de retirar as tropas norte-americanas do terreno.
Um dos objectivos das novas actividades norte-americanas em curso é o de tentar detectar e interceptar comunicações móveis através de plataformas aéreas.



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