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Sete anos depois de lançados pelo presidente Xi Jinping, primeiro em Astana e depois em Jacarta, os projectos chineses das Novas Rotas da Seda ou Iniciativa Cintura e Estrada (ICE) – Belt and Road Iniciative (BRI) – deixam cada vez mais a oligarquia plutocrática norte-americana num transe alucinado.
A guerra no Afeganistão foi oficialmente lançada para vingar os atentados de 11 de Setembro de 2001. No entanto, aconteceu seis meses depois de iniciado o processo de integração asiática através da criação da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o que leva a crer que tenha sido preparada antecipadamente. Duas décadas depois confirma-se que foi a primeira de uma longa série de guerras para destruir todas as estruturas estatais do Médio Oriente (estratégia Rumsfeld/Cebrowski) e controlar a exploração de recursos naturais. Anunciada para durar apenas duas semanas, a guerra continua há mais de 19 anos. Foi planificada para se prolongar o mais possível; e, hoje em dia, personalidades ligadas ao Pentágono sabotam a retirada parcial acordada entre os Talibã e a administração Trump.
A Europa está fechada. Enquanto isso, 30 mil soldados norte-americanos invadem o continente até Julho nas maiores manobras militares em 25 anos. O que acontece na altura em que o presidente dos Estados Unidos decide banir as entradas dos europeus no seu país. Em pleno combate à pandemia de coronavírus, prioridade à guerra.
Consta dos anais diplomáticos dos finais dos anos sessenta do século passado que os Estados Unidos reconheceram a sua derrota militar no Vietname a partir do momento em que cederam perante as partes vietnamitas na discussão sobre o formato da mesa de conversações em Paris – que, na prática, reconheceu o Governo Revolucionário Provisório do Vietname do Sul. Cinquenta anos depois, a assinatura de um acordo com os Talibã em Doha, no Qatar, é a confissão da derrota norte-americana na sua mais longa guerra, a do Afeganistão. Uma derrota que não é apenas dos Estados Unidos mas também da NATO – logo dos próprios governos que integram a aliança.
A informação supostamente com origem na “oposição da Síria” divulgada pela comunicação social corporativa a propósito da guerra contra este país é gerada por um tentacular sistema de propaganda montado pelo governo britânico em conjunto com empresas privadas pertencentes a ex-oficiais das forças armadas e dos serviços secretos de Londres. As provas constam de documentos oficiais resultantes de fugas de informação recentes.
Um discurso do primeiro ministro do Iraque no Parlamento, que os Estados Unidos tentaram silenciar, revelou que as manifestações das últimas semanas no país e o assassínio do general Soleimani estão interligadas e foram motivadas, em grande parte, pela assinatura de um acordo económico mutuamente vantajoso entre Bagdade e a China. Um acordo que pôs fim à chantagem norte-americana de só aceitar reconstruir infraestruturas no país recebendo metade das receitas do petróleo iraquiano. Trump exigiu ao governo que rescindisse o acordo; o primeiro-ministro rejeitou. A partir daí passou a valer tudo, incluindo assassínios e ameaças de morte, como a seguir se revela.
Antes que a enxurrada de desinformação produzida pela comunicação social corporativa mistifique a história oficial destes dias de guerra, caos e ilegalidade na cena internacional é altura de descodificar a cadeia de acontecimentos para que seja possível distribuir responsabilidades e invalidar mentiras. Se os Estados Unidos da América, como é habitual e natural, sobressaem como os artífices de uma trama que ameaça o planeta, é importante notar que o “nosso mundo civilizado”, com a NATO e a União Europeia à cabeça, não fazem figura de inocentes. Aliás, nem o governo da República Portuguesa se salva.
A decisão está tomada. O Parlamento do Iraque, seguindo o parecer do governo, exige às tropas estrangeiras que se retirem do país e vedou o espaço aéreo à utilização por poderes estrangeiros. Bagdade pede ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que condene o ataque norte-americano contra o aeroporto internacional da capital e também revogou o pedido de assistência de uma coligação internacional – constituída por Estados Unidos e outros membros da NATO – para o combate contra o Isis ou Estado Islâmico. “O que aconteceu foi um assassínio político; o Iraque não pode aceitar isso”, resumiu o primeiro-ministro Adel Abdul al-Mahdi como razão de fundo para a expulsão das tropas estrangeiras.
O acto de guerra cometido em 3 de Janeiro pelos Estados Unidos contra o Iraque, o Irão e o Líbano ao atacarem o aeroporto internacional de Bagdad e assassinarem altos dirigentes iraquianos, iranianos e libaneses aumenta dramaticamente o nível de instabilidade em todo o Médio Oriente e multiplicará o número de incidentes militares através da região. Os assassínios encomendados pessoalmente pelo presidente Trump, na sequência da reunião de Lisboa entre Michael Pompeo e Benjamin Netanyahu, têm ainda uma relevante particularidade: representam uma espécie de ajuste de contas com operacionais e organizações que foram fulcrais no combate a organizações terroristas como o Isis ou Estado Islâmico e a al-Qaida.
É um produto bem definido. Para encerrar uma vasta operação especial, na qual se recorreu a uma arma inconfessável, convém encenar a morte daquele que a incarnou. É a melhor maneira de apagar os seus rastos perante a opinião pública. Após a morte de Bin Laden, eis a morte de al-Baghdadi.
No domingo, 27 de Outubro de 2019, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou triunfalmente a “execução” de Abu Bakr al-Baghdadi, califa do Estado Islâmico (Daesh ou Isis). De acordo com a versão oficial, o califa teria sido localizado na região de Idleb (noroeste da Síria) graças a informações recolhidas pelo Iraque. A história, porém, está repleta de mistérios e dados que não encaixam no relato transmitido de Washington.
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