O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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PIRATARIA, FASCISMO E TELHADOS DE VIDRO

O regime da Bielorrússia, com a sensibilidade de quem caça formigas com canhões, decidiu tentar resolver problemas internos através de um acto de pirataria internacional e acertou nos próprios pés. Ofereceu de bandeja a quem o ataca gratuitamente, jogando as cartas viciadas da geopolítica, um ás de trunfo que vai servir para acelerar, a partir de agora, as manobras de desestabilização e de mudança de regime que têm vindo a desenvolver-se. Para deitar a mão a um fascista mercenário de “revoluções coloridas” às ordens de Biden, Bruxelas & Cia o governo de Lukachenko acabou por provocar a mobilização geral da parafernália imperialista montada contra os “Estados párias” – e deu ainda mais alento aos múltiplos canais da russofobia. É provável, por isso, que o saldo da operação não lhe seja favorável, além de suscitar um óbvio agravamento do intervencionismo da NATO contra a Rússia. A situação gerada tem, por outro lado, a particularidade de escancarar a hipocrisia, a falta de decoro e de princípios das elites do chamado “mundo ocidental”, que entraram em delírio sem se darem conta das rasteiras em que a História as pode fazer cair. Enfim, um retrato multifacetado do mundo de hoje.

HUMILHANTE DERROTA DA NATO

O presidente dos Estados Unidos anunciou que o seu país e a NATO vão retirar tropas do Afeganistão até 11 de Setembro deste ano. Independentemente do que possa dizer-se sobre a suposta grandeza do acto, estamos perante uma humilhante confissão de derrota numa guerra que, ao cabo de 20 anos, deixou a martirizada nação numa situação tão ou mais grave do que aquela em que se encontrava quando a invasão imperial se iniciou. Além disso, e para que conste desde já, a retirada de efectivos convencionais não significa o abandono do teatro de operações por agressores ao serviço dos mesmos interesses expansionistas que promoveram a invasão.

A FRAUDE INFORMÁTICA COMO ARMA DA “DEMOCRACIA GLOBAL”

A comunicação social corporativa, um dos braços essenciais que articula a globalização neoliberal, não tem dado relevo às acusações e às provas da existência de fraudes massivas nas recentes eleições norte-americanas. O fenómeno não será de estranhar desde que se entenda a sintonia existente entre esse enorme aparelho de propaganda e as correntes dominantes do sistema globalizante, sobretudo os esforços que estas fizeram para que os resultados eleitorais fossem os que estavam previstos. O silenciamento ostensivo não impede, porém, que os actos fraudulentos que vão sendo comprovados coloquem estas eleições realizadas na “pátria da democracia” no rol dos processos que a própria “pátria da democracia” diz combater além-fronteiras. Há uma realidade a reter no que aconteceu: os resultados eleitorais foram realmente falsificados; e os processos viciadores não são utilizados apenas no caso norte-americano.

NOVO IMPERADOR, VELHO IMPÉRIO

Resultados considerados oficiais dão vitória a Joe Biden nas eleições norte-americanas. No caos reinante em todo o processo eleitoral, e tendo em conta as denúncias de situações fraudulentas, a proclamação é apenas provisória mas, na realidade, é o que menos interessa. Seja qual for o vencedor proclamado ou o que vier a ser empossado em 20 de Janeiro, os Estados Unidos continuarão a portar-se internacionalmente como um país fora de lei enquanto, internamente, lidarão com uma degradação social cada vez mais difícil de disfarçar. Os partidos financiados pelo Big Business fizeram o seu jogo quadrienal, mas em relação a isso há um aspecto que salta aos olhos de todos: a consulta eleitoral sofreu de todos os males que Washington costuma denunciar noutros países e que servem para justificar mudanças de regime, golpes de Estado ou mesmo invasões militares. É a lei do império, mas um império em decadência: atentem nos dois candidatos a imperadores.

PRIMÁRIAS AMERICANAS ARRANCAM EM CLIMA DE FRAUDE

Os Estados Unidos praticam em casa aquilo de que costumam acusar outros países, chegando a promover golpes de Estado como punição: fraudes eleitorais. Ainda agora começaram as eleições primárias do Partido Democrático e já as evidências de viciação de resultados saltam aos olhos de todos. No Estado de Iowa, o mecanismo eleitoral escolhido pela campanha do candidato que se auto-declarou “vencedor” sofreu “erros de codificação”, muito provavelmente em desfavor do “socialista” Bernie Sanders. O mesmo Sanders que, em 2016, foi vítima da viciação eleitoral que permitiu a Hillary Clinton disputar as presidenciais contra Trump. Investigações feitas, vários membros da equipa de Clinton são agora quadros da empresa que montou a aplicação eleitoral escolhida no Iowa. E Sanders é o inimigo de estimação da direcção do Partido Democrático. São assim os métodos políticos seguidos por quem emite juízos sobre supostas “fraudes eleitorais” na Bolívia ou na Venezuela, por exemplo.

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