O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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E O IMPÉRIO FOGE PELA CALADA DA NOITE

Um telegrama da insuspeita Associated Press, assinado por Kathy Gannon, testemunha o seguinte: em 2 de Julho “os Estados Unidos deixaram a base aérea de Bagram no Afeganistão ao cabo de quase 20 anos apagando as luzes e fugindo durante a noite sem notificarem o novo comandante afegão da base, que deu pela partida dos norte-americanos mais de duas horas depois, segundo fontes afegãs”.

VÍRUS, FUTUROLOGIA E HORROR À DEMOCRACIA

Tal como se previu ainda antes de o autoritarismo começar a cavalgar a pandemia, a COVID-19 tem as costas muito largas e nelas cabem todos os pretextos imagináveis para usar discricionariamente as alavancas dos poderes, sejam eles nacionais e, sobretudo, globais. Não existe nada tão sensível como a saúde, de cada um e de todos; nada é tão manipulável como uma sociedade reduzida ao medo, agravado através de campanhas de pânico; poucas coisas condicionam tanto os comportamentos humanos como a incerteza. E os que não convivem bem com a democracia aproveitam.

A BRIGADA DOS FILANTROPOS

A filantropia está na moda. Não se trata apenas da tradicional caridadezinha, os que podem aos que precisam, mas de qualquer coisa muito mais grandiosa e assegurada por nomes sonantes da elite que nos governa à escala global, dir-se-ia que compadecidos das desigualdades gritantes, compungidos com as injustiças avassaladoras. Mergulham as mãos nos seus biliões e espalham uns trocos no apoio a causas fracturantes e que mobilizam a consciência de grande parte da humanidade. É certo que isso não os impede de serem cada vez mais ricos, antes pelo contrário, mas quem pode levar-lhes a mal? O mundo é assim!...

A PANDEMIA É O EUROMILHÕES DOS RICOS ENTRE OS RICOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos parece uma longínqua referência e as violações em massa são paralelas à expansão do vírus da COVID-19. O presidente Trump humilha a Organização Mundial de Saúde, ameaça-a e desqualifica-a enquanto os outros órgãos da ONU empalidecem para evitar ficar contagiados com o mesmo mal que a atinge: o desprezo dos mais poderosos. Milhões de seres humanos anseiam por água, comida, tecto e saúde. Na educação, enormes massas de jovens entram em deserção por falta de conectividade, os empregos estáveis caíram em areias movediças, a precariedade e a informalidade laboral atingem números aterradores. A maquilhagem das informações económicas de êxito e associadas a supostas escalas de igualdade social extingue-se perante a realidade desigual que o vírus destapou.

AS MARAVILHAS DA TECNOLOGIA INFORMÁTICA E OS SEUS CONHECIDOS MALEFÍCIOS

Passaram 30 anos sobre a apresentação de Yume (Sonhos) do cineasta Akira Kurosawa, à margem da competição, no Festival de Cannes de 1990. A memória dos oito sonhos de Kurosawa impõe-se nestes tempos de pandemia, guiando a reflexão em torno das questões tecnológicas. Kurosawa louva a vida, perante a incerteza de uma humanidade que caminha na senda do conflito nuclear, evocando figuras míticas da cultura nipónica: “Um raio de sol através da chuva”; “O jardim dos pessegueiros”; “A tempestade”; “O túnel”; “Corvos”; “Monte Fuji em chamas”; “O demónio que chora”; e, a finalizar, “O vilarejo dos moinhos”. Neste último quadro, um ancião explica ao viajante a decisão tomada há muito tempo pela aldeia de recusar a influência poluidora da tecnologia moderna, retornando a modos de vida arcaicos em busca de uma sociedade mais limpa e feliz. O quadro mostra uma procissão fúnebre, o funeral de uma mulher. Mas, ao invés de um luto carregado, a aldeia escolhe celebrar antes a existência e o fin@l de uma vida feliz.

A GUERRA DÁ-SE BEM COM A PANDEMIA

A economia desmoronou-se. Uma pandemia que através dos Estados Unidos matou até agora (oficialmente) mais de 87 mil pessoas também já provocou cerca de 36 milhões de pedidos de seguro de desemprego e faz milhões de pessoas recorrer aos bancos alimentares pela primeira vez. Apesar disso, os negócios estão a prosperar num sector improvável: os fabricantes de armas estão mais ocupados do que nunca e multiplicam anúncios procurando dezenas de milhares de trabalhadores.

O VÍRUS COMO INSTRUMENTO DO BIG BROTHER GLOBAL

A pandemia de COVID-19 é mais que um “cisne negro” (um facto inesperado, pouco frequente). A pandemia certamente passará, mas a crise ficará – a social, a económica, a política – significando um mundo diferente que nem os mais ousados cientistas sociais e politólogos podem imaginar, com uma estimativa de mais de três mil milhões de desempregados.

COVID-19 NÃO TEM COR MAS DISCRIMINA

Uma Carta Aberta recentemente publicada pelo “Público” e subscrita por mais de trezentas pessoas e dezenas de organizações locais vem alertar para o desproporcionado perigo de vida a que as políticas governamentais têm exposto as comunidades negra, cigana e as pessoas mais pobres e vulneráveis; estas pessoas – “são as invisíveis do sistema: sem documentos, sem casa ou habitação digna ou que estão confinadas em prisões, centros educativos, de detenção e de acolhimento. São também quem trabalha sem contrato e quem não tem meios para trabalhar e estudar à distância”.

POLARIDADES IDEOLÓGICAS DA PANDEMIA

"Pandemia" é um termo que indica, desde logo, uma sua dimensão global, que diz respeito a todos. O vírus, colocada a questão de forma simples, é uma estrutura que não possui capacidade metabólica autónoma. Sendo inerte fora do ambiente intracelular, recorre às capacidades metabólicas do hospedeiro para a finalidade da sua reprodução. Assim, o vírus desenvolve-se e propaga-se em função da capacidade de interacção dos animais infectados (entre eles, o ser humano), daí que a quarentena se apresenta como o mais antigo e mais seguro meio de combate a um surto viral.

O RACISMO ENSINADO ÀS CRIANÇAS

O racismo, descriminação de um grupo social com base em características fisionómicas reais ou imaginárias, assenta numa relação de poder profundamente injusta, estando intimamente ligado às sociedades modernas de cariz capitalista.

ADIÓS MACRI!... “NUNCA MAIS É NUNCA MAIS”

Maurício Macri deixou a presidência argentina e, com a colaboração do FMI, um país em situação de caos económico e social. Alberto Fernández e Cristina de Kirchner assumiram funções rasgando novos horizontes de esperança

O TSUNAMI CHILENO COMO PRODUTO DO NEOLIBERALISMO

O que está a passar-se no Chile é mais um desmascaramento das veias predatória e repressiva do regime de neoliberalismo, por sinal no país onde foi aplicado pela primeira vez de maneira nua e crua, sob o controlo da ditadura fascista de Pinochet. A transição para a “democracia” manteve a ditadura económica intacta, pelo que a sublevação popular em curso traduz o facto de o Chile, segundo o Banco Mundial, ser um dos oito países mais desiguais do mundo.

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