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A agressão norte-americana a Cuba é sobejamente conhecida (mas insuficientemente reconhecida), feita sem qualquer pejo moral ou intenção de maior ocultamento. O bloqueio, imposto a Cuba pelos Estados Unidos, desde 1960, é uma das condicionantes de maior peso a considerar na análise da sociedade cubana e dos eventos últimos. Um documento (datado de 1998 e hoje de acesso público) publicado pela “National Security Research Division”' da RAND Corporation, instituição de pesquisa ligada aos meios militares norte-americanos, coloca como único objectivo a mudança de regime, ou seja, o abandono da via socialista seguida por Cuba, estabelecendo uma metodologia para alcançar aquele propósito.
Os eleitores iranianos escolheram Sayyed Ibrahim Raisi como presidente em 18 de Junho e deram um apoio massivo à chamada “linha dura” do dirigente religioso ayatollah Khamenei derrotando os “reformistas” do presidente cessante Hassan Rouhani; além disso, deram um novo alento aos aliados regionais do Irão no Líbano, Síria e Iraque. Entre os vencedores das eleições está a memória do assassinado brigadeiro-general Qasem Soleimani e o Corpo de Guardas da Revolução. O Irão votou contra a estratégia divisionista e de ingerência do império.
Perante o cenário catastrófico que se anuncia como consequência do aquecimento global, os poderes fácticos do capitalismo internacional oscilam entre duas estratégias: uma campanha de negação das provas científicas que pretende apresentá-las como uma “ideologia”; e uma estratégia de promoção de um “capitalismo verde” ou “sustentável” que promove acordos internacionais que não passam de farsas e promove uma reconversão parcial e limitada dos sistemas produtivos enquanto fortalece o modelo de acumulação e exploração capitalista.
A explosão social em curso nos Estados Unidos na sequência da execução policial e extrajudicial de George Floyd não é nova num país que nasceu do massacre organizado e sistemáticos dos povos indígenas do seu território. É a revolta de oprimidos, explorados, discriminados e excluídos por um sistema que não sabe – nem pode – funcionar de outra maneira: com base na violência e na intimidação.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos parece uma longínqua referência e as violações em massa são paralelas à expansão do vírus da COVID-19. O presidente Trump humilha a Organização Mundial de Saúde, ameaça-a e desqualifica-a enquanto os outros órgãos da ONU empalidecem para evitar ficar contagiados com o mesmo mal que a atinge: o desprezo dos mais poderosos. Milhões de seres humanos anseiam por água, comida, tecto e saúde. Na educação, enormes massas de jovens entram em deserção por falta de conectividade, os empregos estáveis caíram em areias movediças, a precariedade e a informalidade laboral atingem números aterradores. A maquilhagem das informações económicas de êxito e associadas a supostas escalas de igualdade social extingue-se perante a realidade desigual que o vírus destapou.
O euro, a moeda única, está entre a vida e a morte. Uma sentença do Tribunal Constitucional Alemão adoptada em 5 de Maio veio tornar frontais e irredutíveis as divergências no interior da Zona Euro e que implicam com os mecanismos possíveis de ajuda aos Estados membros para combater a crise económica decorrente da pandemia do COVID-19. Como a seguir se explica, a situação resultante da sentença do Tribunal criou um quadro no qual ou a Alemanha sai do euro ou as suas posições ditadas constitucionalmente têm ganho de causa no Banco Central Europeu – terminando com as compras de dívida dos Estados membros. Mas se isto acontecer, países como França e a Itália terão de por em causa a continuidade no euro porque as suas economias não sobrevivem sem as compras de dívida e os mecanismos (não assumidos) de financiamento monetário através do BCE. O euro, tal como o conhecemos, está entre a vida e a morte.
A economia desmoronou-se. Uma pandemia que através dos Estados Unidos matou até agora (oficialmente) mais de 87 mil pessoas também já provocou cerca de 36 milhões de pedidos de seguro de desemprego e faz milhões de pessoas recorrer aos bancos alimentares pela primeira vez. Apesar disso, os negócios estão a prosperar num sector improvável: os fabricantes de armas estão mais ocupados do que nunca e multiplicam anúncios procurando dezenas de milhares de trabalhadores.
Enfrentada a crise do novo coronavírus na província de Hubei, especialmente em Wuhan, a China reanima decididamente as actividades económicas e sociais tendo também em consideração que está a ser vítima de uma concentração de ataques norte-americanos e ocidentais para conter o país como potência emergente. Pequim reage procedendo à restauração das próprias forças e também no âmbito da parceria estratégica com a Rússia, que adquire novas valências. O mundo está em mudança.
Depois de anos a distorcer o mercado da aviação com a sua política de preços nominalmente baixos, mas cobrando fortemente por tudo o que não seja o simples lugar apertado a bordo do aparelho, as companhias ditas de baixo-custo (low cost) preparam-se para fazer os seus trabalhadores suportar o preço das medidas de restrição às viagens impostas por necessidades de saúde pública. Isto apesar de elevadas ajudas recebidas do Estado ao longo da última década.
Um novo relatório do Instituto de Estudos Políticos dos Estados Unidos revela que enquanto dezenas de milhões de norte-americanos estão a perder os seus empregos como consequência da pandemia do novo coronavírus a elite dos super-ricos do país aumentou o seu património líquido em 282 mil milhões de dólares em apenas 23 dias. Isto acontece apesar de as previsões económicas admitirem uma contracção de 40% no trimestre em curso.
A directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pronunciou uma sentença em poucas palavras que vale mais que mil imagens: “A Organização Mundial de Saúde existe para proteger a saúde das pessoas; o FMI existe para proteger a saúde da economia mundial”. Ficamos avisados: ai dos povos cujos dirigentes resolverem combater o cataclismo económico gerado pelo novo coronavírus recorrendo às bem conhecidas “ajudas” do FMI e das suas extensões troikianas para consumo interno da União Europeia!
A pandemia de COVID-19 é mais que um “cisne negro” (um facto inesperado, pouco frequente). A pandemia certamente passará, mas a crise ficará – a social, a económica, a política – significando um mundo diferente que nem os mais ousados cientistas sociais e politólogos podem imaginar, com uma estimativa de mais de três mil milhões de desempregados.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
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