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Recorrendo a um velho chavão do jornalismo, a notícia caiu como uma bomba nas redacções e logo se expandiu célere pela grei, que mais alarmada não poderia ficar: a Câmara Municipal de Lisboa denunciou à embaixada da Rússia as identificações de activistas que se manifestaram em Lisboa por um abnegado prosélito da resistência anti-Putin. Como deve ser nestas ocasiões de extrema gravidade para a nação, o chefe de Estado tomou as dores da comunidade e em palavras enfáticas manifestou a sua revolta – que é a revolta de todos – com o comportamento municipal. Pena é que o mesmo chefe de Estado e as carpideiras mediáticas não expressem ira semelhante quando a mesma Câmara Municipal partilha com a embaixada de Israel e a benigna Mossad as identidades de activistas portugueses e palestinianos que não concordam com as chacinas em Gaza e a limpeza étnica praticadas pelo Estado sionista. Falemos então de partilha de dados.
O primeiro-ministro da República Portuguesa confessou numa declaração transmitida no dia 12 deste mês em jornais televisivos que o processo de vacinação contra a Covid-19 “está fora do nosso controlo”. Alvo de uma barragem de ataques, quantos deles despropositados e oportunistas, não consta, ao invés, que António Costa tenha sido sequer admoestado por admitir a mais grave situação que poderia existir em pleno combate à pandemia. Em causa está a saúde pública e também a própria essência do funcionamento do país como nação independente.
Empestadas pelo lixo mediático atulhado de superficialidades, ausência de ideias e pela irresponsável tentação de branqueamento do fascismo, as eleições presidenciais em Portugal estão praticamente vazias de temas nobres e essenciais que deveriam estar no centro de cada consulta eleitoral como é, entre outros, o caso da soberania nacional.
É fácil, e óbvio, designar 2020 como o ano do vírus, ou da Covid ou de qualquer outra coisa aparentada. Mas não será correcto. A verdadeira história do SARS-CoV-2 está toda por contar, desde as origens às confusas estatísticas, sejam as relacionadas com as causas de mortes sejam as resultantes de diagnósticos feitos com base em testes que não foram criados para fazer diagnósticos. Terá, portanto, de passar muito tempo até que se percebam todas as vertentes da pandemia de Covid-19 e respectivos efeitos sobre a formatação do mundo em que vivemos. E o mais certo é sermos confrontados com a inevitabilidade das consequências sem jamais nos ser dada a possibilidade de conhecer como na realidade tudo começou e se desenvolveu, desde a deslavada mentira do “vírus de Wuhan” – que já andava por outras partes do mundo antes de ser identificado na China – até à gigantesca campanha de terror global montada paralelamente à declaração de pandemia.
O silêncio guardado pela comunicação social corporativa em relação ao linchamento judicial de Julian Assange e da liberdade de informação que está a decorrer em Londres testemunha o estado de miséria a que chegou o jornalismo dominante, capturado pelos grandes interesses minoritários e elitistas que controlam o mundo.
Quando a elite dos predadores que conduziram o mundo ao estado desgraçado em que se encontra se propõem agora salvá-lo tirando proveito da “janela de oportunidade” que é a pandemia de COVID-19 podemos deduzir que há nuvens ainda mais negras no horizonte.
A directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pronunciou uma sentença em poucas palavras que vale mais que mil imagens: “A Organização Mundial de Saúde existe para proteger a saúde das pessoas; o FMI existe para proteger a saúde da economia mundial”. Ficamos avisados: ai dos povos cujos dirigentes resolverem combater o cataclismo económico gerado pelo novo coronavírus recorrendo às bem conhecidas “ajudas” do FMI e das suas extensões troikianas para consumo interno da União Europeia!
A pandemia de COVID-19 é mais que um “cisne negro” (um facto inesperado, pouco frequente). A pandemia certamente passará, mas a crise ficará – a social, a económica, a política – significando um mundo diferente que nem os mais ousados cientistas sociais e politólogos podem imaginar, com uma estimativa de mais de três mil milhões de desempregados.
No mundo em que vivemos os criminosos de guerra têm a certeza da sua impunidade e o jornalismo de investigação está em vias de ser considerado um crime de espionagem – esta é uma das leituras que o Relator Especial das Nações Unidas sobre a Tortura, o suíço Nils Melzer, faz do processo contra o fundador e director do WikiLeaks, Julian Assange, conduzido pelos Estados Unidos com a cumplicidade de vários governos, entre eles Reino Unido, Suécia e Equador. Desde a falsificação, pela polícia sueca, de um processo “por violação” à tortura a que tem vindo a ser submetido em Londres, passando pelo julgamento secreto já em marcha nos Estados Unidos perante um júri da CIA, Melzer desmonta os contornos tirânicos e criminosos da perseguição a Assange. “Dizer a verdade está a tornar-se um crime”, adverte o relator da ONU. Nos dias em que a viciada justiça britânica aprecia o pedido de extradição de Assange apresentado pelos Estados Unidos, o Lado Oculto dá voz à esclarecedora entrevista de Nils Melzer ao website Republik, uma publicação de língua alemã. É a nossa manifestação de solidariedade com Julian Assange, em defesa da liberdade de informar e ser informado e dos direitos humanos.
Instituições vocacionadas para a protecção de dados e a luta contra os atentados à privacidade têm vindo a chamar a atenção da União Europeia para a utilização cada vez mais comum das novas tecnologias de reconhecimento facial num quadro de insuficiência legal. Em causa estão o respeito por direitos humanos básicos, pela dignidade e a privacidade dos cidadãos; além de se abrirem, desse modo, novas portas para perseguições arbitrárias, discriminação xenófoba e reforço da pressão sobre refugiados e imigrantes.
O tão aclamado acordo entre o governo e quase toda a oposição no Chile - com excepção de comunistas e humanistas - não garante a elaboração democrática de uma Constituição que rompa com o modelo neoliberal imposto pela férrea ditadura de Pinochet. O acordo não garante mesmo a elaboração da Constituição por uma assembleia constituinte totalmente eleita por voto directo. E reserva a exigência de aprovação da Carta por dois terços dos constituintes, entregando as decisões essenciais do país ao veto dos mesmos de sempre. Assim se engana um poderoso e genuíno levantamento popular.
Quando estão em jogo a protecção da privacidade dos cidadãos e a preservação dos seus dados pessoais por instituições da União Europeia o melhor é recorrer à velha máxima “faz o que elas dizem, não faças o que elas fazem”. Um inocente visitante do Parlamento Europeu que caia na asneira de recorrer ao wi-fi da instituição em Bruxelas terá as suas informações de Internet sequestradas secretamente por seis meses ou mesmo partilhadas com interesses privados nada recomendáveis.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…
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