O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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O IRÃO VOTOU CONTRA O IMPÉRIO

Os eleitores iranianos escolheram Sayyed Ibrahim Raisi como presidente em 18 de Junho e deram um apoio massivo à chamada “linha dura” do dirigente religioso ayatollah Khamenei derrotando os “reformistas” do presidente cessante Hassan Rouhani; além disso, deram um novo alento aos aliados regionais do Irão no Líbano, Síria e Iraque. Entre os vencedores das eleições está a memória do assassinado brigadeiro-general Qasem Soleimani e o Corpo de Guardas da Revolução. O Irão votou contra a estratégia divisionista e de ingerência do império.

OS TEMPOS DA IDEOLOGIA MILITARISTA

A ecologia, a economia “verde”, a sustentabilidade e as preocupações com o clima dominam grande parte do dia-a-dia informativo, alimentam enfaticamente os discursos oficiais. Parece que o ser humano identificou finalmente os problemas que afectam o planeta e está disposto a enfrentá-los, a mudar de hábitos e atitudes. Nada mais falso quando do lote de preocupações ambientais e sociais se retira deliberadamente a actividade mais predadora da Terra: a guerra.

CRONOLOGIA DE UMA PROVOCAÇÃO ATERRADORA

No dia 24 de Março deste ano, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou o decreto 117/2021 no qual determina que a política oficial do seu regime é a de “reconquistar” a Crimeia à Rússia; e identifica o porto de Sebastopol como alvo prioritário desta estratégia. A iniciativa foi acompanhada pelo transporte de avultados meios de guerra, incluindo comboios de tanques, em direcção ao Leste ucraniano, a região onde Kiev tem mantido um cerco e actos de guerra contra as populações civis, essencialmente a cargo de unidades militares e paramilitares nazis. A decisão de Zelensky provocou uma reacção simétrica por parte da Rússia: reforço das capacidades militares na Península da Crimeia e nas imediações da fronteira oriental da Ucrânia. A comunicação social corporativa, sobretudo a “de referência”, só conta esta parte da história, encaixando-a na narrativa da “agressão russa”. Para se ter uma noção da real gravidade da situação, porém, é necessário conhecer o cenário completo.

O ESPELHO DE JOSEPH BIDEN

O presidente dos Estados Unidos da América chamou “assassino” ao presidente da Federação Russa. E assegurou que ele irá pagar por isso. Ora quando estão envolvidas no assunto as duas principais potências nucleares mundiais e a ameaça é tão assertiva, na sequência do insulto, percebe-se que uma tão peculiar espécie de diplomacia não tem a ver com azedumes pessoais, jogando antes com a vida de todos nós.

DE FUNCIONÁRIO DA NATO A CENSOR DO FACEBOOK

Ben Nimmo, ex-assessor de imprensa da NATO e actual membro sénior do Atlantic Council, um think-tank que é uma emanação da mesma aliança militar, anunciou que foi contratado pelo Facebook para “chefiar a estratégia de inteligência contra ameaças globais, operações de influência” e “ameaças emergentes”. Nimmo citou especificamente a Rússia, a China e o Irão como potenciais perigos para aquela plataforma de redes sociais.

A ARMADILHA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

E de repente tudo se tornou sustentável. Dos mais solenes discursos dos poderes à publicidade mais assanhada instando aos mais desenfreado consumismo, a “sustentabilidade” tornou-se um mandamento inapelável; ignorando nós se muitos dos doutrinadores saberão do que estão a falar. Em prol da sustentabilidade faz-se uma mixórdia de conceitos onde cabem a ecologia, o combate às mudanças climáticas, a pegada de carbono e respectiva neutralização, o efeito de estufa, o degelo, as energias renováveis, o desenvolvimento sustentável; num ápice, as coisas que consumimos no dia-a-dia tornaram-se recicláveis, compostáveis, biodegradáveis, obrigatoriamente biológicas. Circula muito e constante ruído para nos obrigar a assimilar coisas de que a generalidade das pessoas não fazem ideia. Ora nada disto é inocente, conjuntural e fortuito.

A ESQUECIDA PANDEMIA NUCLEAR

A absoluta contaminação mediática pelas informações (e desinformações) associadas à COVID-19, alimentando o clima de pânico entre as populações, tem ainda outro efeito perverso: omite às mesmas populações outras situações igualmente graves e que têm todo o direito a conhecer. Uma delas é a escandalosa decisão do governo do Japão e da empresa que gere a central nuclear de Fukuxima de lançar no mar mais de um milhão de toneladas de águas radioactivas originárias dos reactores fundidos na catástrofe de 2011. Águas que entrarão na cadeia alimentar de milhões e milhões de pessoas. Um acto criminoso que apenas engrossa essa pandemia esquecida: a de índole nuclear – civil e militar.

NATO ESTRUTURA "QUARTA BATALHA DO ATLÂNTICO"

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse um dia que a NATO está em morte cerebral, mas isso não é verdade. A aliança continua a crescer, inundando de pesadelos o imaginário dos povos. Agora instalou um novo comando naval em Norfolk, na Virgínia, Estados Unidos, certamente para garantir que os bons tenham cada vez mais meios de combate quando os maus decidirem de uma vez invadir e destruir a Europa Ocidental. E será que os Parlamentos dos países membros da aliança foram ouvidos em mais uma decisão que os subordina à cadeia de comando do Pentágono? Desta maneira se vai construindo a “paz mundial” de que tanto falam os discursos dos dirigentes da globalização.

QUANDO OS TRATADOS SE ASSINAM PARA SEREM VIOLADOS

É suposto que a assinatura dos tratados internacionais implica o respectivo cumprimento. Nisso assenta – ou melhor, deveria assentar – uma ordem internacional na qual cada Estado respeita os compromissos assumidos perante os outros e as instâncias internacionais. Não é assim, porém, que as coisas funcionam: a Itália, por exemplo, assinou o Tratado de Não-Proliferação de armas Nucleares e possui armas nucleares no seu território, o que viola o compromisso assumido. Na verdade, trata-se de uma certa forma displicente de olhar a legalidade internacional muito corrente entre Estados membros de instituições como a NATO e a União Europeia. Sendo o caso de Itália, como muito bem sabemos, não a excepção mas sim a regra.

OS MISTÉRIOS DA MONSTRUOSA EXPLOSÃO EM BEIRUTE

A existência de 2750 toneladas de nitrato de amónio num armazém no porto de Beirute pode justificar, segundo os especialistas, a extensão da catástrofe registada na tarde de 4 de Agosto e o seu trágico balanço parcial de 150 mortos, mais de cinco mil feridos e de 300 mil desalojados. O que parece mais difícil de explicar é o estranho cogumelo observado sobre o local na sequência das explosões, em vez das esperadas nuvens de fumo em dispersão, seguido por uma vaga gigantesca no mar e um abalo sísmico de 3,5 na escala de Richter - eventual causador de grandes estragos em redor, juntamente com o sopro do rebentamento. O que terá acontecido, de facto, em Beirute?

PUTIN E XI JINPING REFORÇAM COOPERAÇÃO E COORDENAÇÃO

O acontecimento passou quase despercebido mas fica como um marco nos actuais desenvolvimentos geopolíticos, geoestratégicos e geoeconómicos globais: os presidentes da Rússia e da China Popular realizaram uma “cimeira telefónica” em 8 de Julho na qual aprofundaram as estratégias de colaboração e coordenação, a todos os níveis, entre os dois gigantes. Além de reforçarem a sua aliança tendo como referência o quadro estabelecido pela Carta das Nações Unidas e o multilateralismo, a igualdade entre os povos e os Estados, Vladimir Putin e Xi Jinping não hesitaram em solidarizar-se mutuamente com recentes movimentos políticos nos dois países como o referendo constitucional na Rússia e a entrada em vigor da lei de segurança nacional em Hong Kong.

A NATO ASSUME A SUA AMBIÇÃO IMPERIAL

O processo de alargamento da NATO à zona Indo-Pacífico já começou. Foi criado oficialmente um grupo de trabalho para o efeito, não para reflectir a estratégia considerada mais adequada contra a China mas para a tornar pública e a justificar a posteriori, uma vez o trabalho concluído. Não existe qualquer diferença em relação ao período colonial, uma vez que se trata de conter a China, isto é, impedir o seu desenvolvimento. Tudo isto no âmbito imperial da Grande NATO Mundial no horizonte de 2030 – agregando Austrália, Nova Zelândia, Japão e outros países asiáticos.

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