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A próxima reunião do Grupo dos Sete (G7) na Cornualha pode ser vista, em princípio, como o encontro peculiar da “America is Back” com a “Global Britain”. O quadro geral, porém, é muito mais delicado. Três cimeiras consecutivas - G7, NATO e EUA-UE - abrirão o caminho para o que se espera que seja um momento de ansiedade: a cimeira Putin-Biden em Genebra, que certamente não será um reinício.
Jornalistas de vários meios de comunicação corporativos e estatais europeus confirmaram de nove fontes diferentes que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos recorre aos serviços secretos militares da Dinamarca para espiar dirigentes e altos funcionários de países da União Europeia, designadamente França, Alemanha, Suécia, Noruega, Holanda e do próprio governo dinamarquês. O assunto não é novo, obviamente, embora seja tratado como tal. O que fica por apurar é a extensão, profundidade e alcance deste mecanismo agora comprovado e denunciado: a investigação incidiu sobre um documento resultante de uma simples situação numa gigantesca e ao mesmo tempo capilar malha de devassa.
Sete anos depois de lançados pelo presidente Xi Jinping, primeiro em Astana e depois em Jacarta, os projectos chineses das Novas Rotas da Seda ou Iniciativa Cintura e Estrada (ICE) – Belt and Road Iniciative (BRI) – deixam cada vez mais a oligarquia plutocrática norte-americana num transe alucinado.
Pequim e Moscovo não acertaram as suas horas pela de Washington durante os últimos tempos, como se fez nos subservientes países ocidentais. China e Rússia têm a sua parceria estratégica em funcionamento e seguem caminhos próprios que não estão à espera de “autorização” decorrente da “escolha” norte-americana. Enquanto decorria o duelo de sociopatas nos Estados Unidos, o Comité Central do Partido Comunista da China apreciou o plano quinquenal até 2025, decisivo no caminho do país para a autossuficiência económica ao mais elevado nível tecnológico. E o “pragmatismo” de Moscovo afinou-se em debates como alternativa aos reconhecidos fracassos neoliberais no Ocidente. São opções próprias que estão a traçar outros caminhos não coincidentes com os do decadente império.
O acontecimento passou quase despercebido mas fica como um marco nos actuais desenvolvimentos geopolíticos, geoestratégicos e geoeconómicos globais: os presidentes da Rússia e da China Popular realizaram uma “cimeira telefónica” em 8 de Julho na qual aprofundaram as estratégias de colaboração e coordenação, a todos os níveis, entre os dois gigantes. Além de reforçarem a sua aliança tendo como referência o quadro estabelecido pela Carta das Nações Unidas e o multilateralismo, a igualdade entre os povos e os Estados, Vladimir Putin e Xi Jinping não hesitaram em solidarizar-se mutuamente com recentes movimentos políticos nos dois países como o referendo constitucional na Rússia e a entrada em vigor da lei de segurança nacional em Hong Kong.
Se no mundo actual de guerras de informação existe um assunto em que a Carnegie Endowment para a Paz Internacional, a CNN, o NEW York Times e o Washington Post podem estar de acordo com a agência chinesa Xinhua e a publicação oficial chinesa Global Times é o de que Michael Pompeo é o pior secretário de Estado da história dos Estados Unidos. E os danos estão feitos.
Em 8 de Junho o secretário-geral da aliança Estados Unidos-NATO, Jens Stoltenberg, fez um discurso na nova e espampanante sede da organização em Bruxelas. Seguiu-se uma selecção de perguntas idiotas mas, apesar da previsibilidade das declarações banais de Stoltenberg e da cumplicidade dos entrevistadores, foi dito o suficiente para se perceber que a NATO ainda está à procura de inimigos para tentar justificar a sua periclitante existência.
A China está preparada para tomar uma série de medidas de resposta contra um plano dos Estados Unidos para bloquear o envio de semicondutores destinados à empresa chinesa de telecomunicações Huawei. Entre essas acções estão a de colocar empresas norte-americanas numa “lista de entidades que não são dignas de confiança”, a imposição de restrições a empresas norte-americanas como a Apple e a interrupção de compra de aviões à Boeing. As informações foram divulgadas por uma fonte próxima do governo de Pequim.
Em 25 de Janeiro, poucas semanas antes de a Europa se transformar no epicentro da pandemia de COVID-19, a agência da União Europeia encarregada de alertar para o perigo de doenças infecciosas considerava que os Estados membros estavam em condições para atacar um surto logo que os casos fossem detectados. O desenvolvimento dos acontecimentos revela, mais uma vez, que a União Europeia é um fracasso absoluto em termos de protecção social e da saúde dos cidadãos dos Estados membros.
As previsões sobre o fim das consequências da pandemia de COVID-19 são cada vez mais imprecisas e complexas e começa a ganhar forma uma certeza construída de incertezas: o mundo não será o mesmo que antes da emergência do vírus. Daí que comecem a surgir reflexões sustentadas – não exercícios de futurologia – sobre o que poderá acontecer daqui para a frente em domínios como o económico, o social, o mundo do trabalho. O Lado Oculto é um espaço de informação e também de debate aberto. Daí que esteja disponível para dar a conhecer alguns desses trabalhos que possam suscitar polémica, reflexão, concordância e discordância num tempo de incertezas.
Mattia é um cidadão italiano de 38 anos de Codogno, Lombardia. Socialista e sociável, desportista que corre maratonas, extrovertido, saudável, certamente nunca mais esquecerá os primeiros meses de 2020. Não só por lhe ter nascido a filha, Giulia, já em Abril, mas também porque venceu o combate que travou de 19 de Fevereiro a 25 de Março contra o novo coronavírus SARS-CoV-2, que entretanto lhe vitimou o pai e atingiu ao de leve a esposa, Valentina. Não ficam por aqui os episódios em redor de Mattia: ele foi o quarto caso de COVID-19 em Itália, o “Paciente nº4”; mas como não teve qualquer contacto com a China nem com os três primeiros infectados na Lombardia, oriundos da cidade chinesa de Wuhan, foi considerado o “Paciente italiano nº 1”. A história de Mattia é suficiente para por em causa a versão oficial, adoptada pelos media corporativos, de que tudo terá começado no mercado de frutos do mar e animais exóticos de Huanan, na cidade chinesa de Wuhan. Há outros caminhos a percorrer para tentar descobrir o Paciente Zero da pandemia.
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