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Em Março de 2011, quando a NATO já bombardeava a Líbia, Muammar Khaddafi enviou uma mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lembrando que as forças de segurança do seu país estavam “a combater a al-Qaida no Magrebe islâmico, nada mais”, pelo que a intervenção estrangeira “era um risco de consequências incalculáveis no Mediterrâneo e na Europa”. O apelo do dirigente líbio não surtiu efeito: afinal, para as forças atlantistas a operação não era “um risco” mas sim uma estratégia deliberada – para todos os efeitos, uma estratégia terrorista.
O Facebook, que tem uma aliança operacional com o Conselho do Atlântico, uma entidade que trata da “liderança dos Estados Unidos e aliados” no mundo, está a montar uma gigantesca cadeia de cabos submarinos em redor de África como “pilar de uma enorme expansão da internet no continente”. Perito em “educar os cidadãos e a sociedade civil” sobre o que é “verdadeiro” ou “falso”, o Facebook amarra agora os seus cabos em terras onde mais de 600 milhões de pessoas não têm acesso a energia eléctrica. Trata-se, afinal, de cabos que vêm suceder às velhas grilhetas coloniais.
A herança caótica deixada pela agressão da NATO contra a Líbia e que se aprofunda há quase nove anos está a degenerar numa situação aterradora de guerras cruzadas, motivadas por múltiplos interesses, capaz de fazer explodir alianças político-militares, afinidades religiosas e relações institucionais - com repercussões em todo o panorama internacional. O início, no dia de Natal, da transferência de terroristas da al-Qaida da Síria para território líbio, de modo a reforçar as forças do governo de Tripoli reconhecido pela ONU e a União Europeia, é apenas um dos muitos movimentos em curso na sombra dos holofotes mediáticos. E a Turquia acaba de aprovar o envio de tropas regulares para a Líbia.
Depois de se ter retirado unilateralmente do acordo nuclear com o Irão no ano passado, a Casa Branca anunciou em Abril que o seu objectivo é “levar as exportações iranianas a zero”. Para tentar que isso aconteça, Washington deixou de permitir que países como a Índia, a China, o Japão, a Turquia e a Coreia do Sul importem petróleo iraniano: os Estados Unidos ditam a países soberanos com quem podem negociar.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
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