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Quando os porta-aviões norte-americanos Ronald Reagan e Nimitz recentemente se envolveram em "operações" no Mar do Sul da China não deixou de notar-se que a Frota do Pacífico dos Estados Unidos estava a fazer os possíveis para transformar a teoria infantil da armadilha de Tucídides, uma provocação de guerra, numa profecia auto-realizável.
John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos entre Abril de 2018 e Setembro de 2019, acaba de lançar sobre a Casa Branca uma bomba cujos estilhaços podem acarretar efeitos devastadores neste final de mandato do presidente Donald Trump, comprometendo não só diferentes aspectos da política doméstica, como principalmente as relações externas daquela que, embora decadente, ainda é a maior superpotência do mundo.
Em 8 de Junho o secretário-geral da aliança Estados Unidos-NATO, Jens Stoltenberg, fez um discurso na nova e espampanante sede da organização em Bruxelas. Seguiu-se uma selecção de perguntas idiotas mas, apesar da previsibilidade das declarações banais de Stoltenberg e da cumplicidade dos entrevistadores, foi dito o suficiente para se perceber que a NATO ainda está à procura de inimigos para tentar justificar a sua periclitante existência.
Incapaz de convencer um número suficiente de pessoas no país a segui-la, a oposição venezuelana tem voltado esforços para cativar uma audiência internacional – principalmente norte-americana – de modo a apoiar as suas causas. Parte desse esforço é realizado online, provocando discussões em inglês nas redes sociais, criando redes de bots (robots) e editando os artigos da Wikipedia. Muitos dos artigos da Wikipedia sobre a Venezuela são tendenciosos e favoráveis à oposição, contendo numerosas imprecisões, falsidades e manipulações.
Completaram-se 75 anos sobre a derrota militar do nazi-fascismo. Então, as chamadas democracias liberais juntaram-se às “democracias iliberais” em redor da agenda de comemorações estabelecida por estas e que apaga da História o decisivo contributo da União Soviética para a vitória – ditando assim a segunda morte das mais 26 milhões pessoas sacrificadas neste país para que ela fosse possível. Não foi uma celebração, foi uma vingança.
A Colômbia produz pelo menos 70% da cocaína que circula no mercado mundial; o Afeganistão é responsável por mais de 90% do ópio que está na base da heroína comercializada. As produções estão “nos máximos históricos”, segundo o relatório da ONU em 2018. Os Estados Unidos, através de presenças militares, controlam política e economicamente os dois países – e pelos números envolvidos no negócio mundial de estupefacientes é muito provável que não seja coincidência, tanto mais que, como está provado, dinheiro da droga tem servido para financiar operações encobertas da CIA. Entretanto, Washington projecta acções armadas contra a Venezuela, alegadamente pelo envolvimento deste país no tráfico de droga. Um pretexto falso em busca de dividendos políticos e económicos enquanto o narcotráfico prossegue sem transtornos de maior.
Os Estados Unidos dispõem desde o início dos anos noventa do século passado de Técnicas de Modificação Ambiental (ENMOD) com objectivos militares; em meados da mesma década a Força Aérea norte-americana criou condições operacionais no Alasca para interferir no ambiente de modo a desencadear poderosos fenómenos meteorológicos; e a mesma Força Aérea norte-americana tem há quase 25 anos em seu poder um relatório que definiu o horizonte de 2025 para se tornar “dona da meteorologia”. Em tempos de acesas discussões sobre alterações climáticas é intrigante que dados como estes, do domínio público, não sejam parte do debate e escapem à agenda ecologista.
“Comunidade internacional” e “ordem internacional” são expressões que nos surgem a cada passo quando se trata de abordar os acontecimentos e as situações que se sucedem através do mundo. O uso recorrente tem contribuído para transformá-las numa espécie de muletas de linguagem em que vão perdendo conteúdo, esbatendo-se assim a realidade dos seus conteúdos e significados actuais. Desse desvanecimento surgem múltiplas interpretações e a confusão generalizada – que nada tem de inocente. Prevalecendo então o sistema sem mandato que dá corpo à ordem global neoliberal.
“Pude dar-lhes a óptima notícia de que vou enviar 52 milhões de dólares em novos fundos da USAID para apoiar o governo interino e o povo da Venezuela”. As palavras são de Mark Greeen, presidente da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), uma entidade da esfera da CIA, durante o anúncio da dádiva de mais meia centena de milhões de dólares para os usurpadores e terroristas que pretendem derrubar o governo legítimo da Venezuela. Desde 2017, a “ajuda” directa ao golpe, só através da USAID, já ultrapassa os 550 milhões de dólares.
Com uma perigosa administração de direita, de cariz fascista, no governo em Washington, rejeitando o direito internacional e a prática de consensos, chegou a hora de as Nações Unidas e as missões permanentes dos Estados membros mudarem para um local mais neutro.
A nova guerra fria começou de vez. Já não se trata de um confronto militar entre os Estados Unidos e a União Soviética, mas entre os Estados Unidos, por um lado, e o bloco Rússia-China, por outro. O abandono, por Washington, do Tratado de Mísseis de Médio Alcance (INF) e o anúncio de próximas conversações a três põe fim aos anos de incerteza que temos vindo a viver. A situação faz regressar a Europa Ocidental e Central ao estatuto da primeira guerra fria: o de um campo de batalha. Com o ámen da União Europeia.
No próximo dia 2 de Agosto os Estados Unidos vão formalizar a sua retirada do Tratado INF, que proíbe a instalação de mísseis nucleares de médio alcance, entre 500 e 5500 quilómetros. Trata-se de um pró-forma, uma vez que o Pentágono decidiu há pelo menos um ano e meio violar esse tratado e torná-lo inútil.
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