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Os eleitores iranianos escolheram Sayyed Ibrahim Raisi como presidente em 18 de Junho e deram um apoio massivo à chamada “linha dura” do dirigente religioso ayatollah Khamenei derrotando os “reformistas” do presidente cessante Hassan Rouhani; além disso, deram um novo alento aos aliados regionais do Irão no Líbano, Síria e Iraque. Entre os vencedores das eleições está a memória do assassinado brigadeiro-general Qasem Soleimani e o Corpo de Guardas da Revolução. O Irão votou contra a estratégia divisionista e de ingerência do império.
O primeiro encontro desde o século VII entre um Papa católico romano e um líder espiritual xiita, considerado este como uma “fonte de emulação”, foi um divisor de águas sob qualquer ponto de vista histórico. Será preciso que passe muito tempo para avaliar todas as implicações da imensamente intrigante conversa frente a frente de 50 minutos, apenas na presença de intérpretes, entre o Papa Francisco e o Grande Ayatollah Sistani na sua humilde casa situada num beco de Najaf, perto do deslumbrante santuário do Imã Ali.
Joseph Biden mandou bombardear a Síria a pretexto de ataques dirigidos contra as suas forças de ocupação presentes no Iraque; e fê-lo ao mesmo tempo em que aviões militares israelitas atacavam Damasco. Como era de esperar, a realidade demonstra que em Washington mudaram apenas as moscas. Nas eleições norte-americanas o partido único, o partido da guerra, ganha sempre.
Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública? Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.
Donald Trump ou Joe Biden? A escolha que resta aos norte-americanos é esta – dois ramos do mesmo partido único, imperialista e que defende, acima de tudo e custe o que custar, “a liderança dos Estados Unidos”. Trump, o fascismo sem máscara, o racismo, a misoginia, o fundamentalismo religioso sem disfarces, um neoliberalismo adequado ao nacionalismo ultramontano que faz parte da sua essência, o culto dos golpes e da guerra simulando recuos para consumo interno; Biden, o autoritarismo sorridente, o racismo cínico e envernizado, golpes onde for preciso, como o da Ucrânia, guerras a la carte, como a chacina da Líbia; o neoliberalismo globalista e expansionista ancorado num reforço da NATO. Eis a opção que resta aos norte-americanos, com impactos na vida de todos nós. Que venha o diabo e escolha.
Uma mentira esteve na base da recente escalada de violência no Médio Oriente que culminou com o assassínio do general iraniano Qasem Soleimani. Suspeitava-se de que assim era, mas o apuramento mais pormenorizado de factos e circunstâncias confirmam-no. O mainstream global evita abordar os acontecimentos segundo este novo ângulo – apesar de o New York Times o ter feito - porque seria obrigado a substituir toda a conveniente narrativa montada. Porém, o que na realidade aconteceu foi: os terroristas do Estado Islâmico realizaram a operação que serviu de pretexto a Trump e ao Pentágono para assassinarem o maior inimigo do Estado Islâmico – e da al-Qaida.
Brandon Bryant foi um operador de drones da Força Aérea dos Estados Unidos durante cinco anos. Retirou-se com a consciência de que não era mais do que um assassino à distância, certamente de muitos inocentes, e decidiu dar a conhecer a existência de um massacre organizado de seres humanos sob a designação de “guerra dos drones”, executado no âmbito da “guerra contra o terrorismo”. “Somos piores que os nazis”, confessou.
Os cientistas chineses identificaram numa semana a sequência do genoma do coronavírus detectado na China, colocaram imediatamente os dados ao dispôr da comunidade científica planetária e abriram caminho à elaboração da vacina. É um feito histórico: as instâncias científicas norte-americanas demoraram dois meses e meio a obter os conhecimentos equivalentes sobre o ébola. Entretanto, em Wuhan – região com 56 milhões de pessoas – trava-se uma “guerra popular”, em grande parte com suporte voluntário, para conter a disseminação do vírus e cuidar dos infectados. É uma realidade mal conhecida: enquanto isso, os media corporativos desdobram-se em insinuações de guerra fria sobre a “ameaça chinesa”, dando origem à multiplicação de casos de xenofobia contra cidadãos orientais.
Mais uma edição – a 50ª – do Fórum Económico em Davos, Suíça. O capitalismo neoliberal globalista congregou as suas estrelas mais rutilantes, a par de membros de realezas, presidentes e chefes de governo – toda “uma elite ambientalmente consciente” - para debater, por exemplo, as maneiras como negócios, políticas, manipulação genética, geoengenharia e guerras se harmonizam com o combate às mudanças climáticas, que prejudicam “a ecologia e a economia”. Para isso os trabalhos foram abrilhantados, entre outros, por Donald Trump, a imprescindível Greta Thunberg e o inigualável usurpador Juan Guaidó.
O futuro do planeta nos próximos vinte a trinta anos está profundamente associado ao processo de integração da Eurásia, que tem como os três pilares essenciais a China, a Rússia e o Irão. Contra esta integração batem-se empenhadamente os Estados Unidos, com base na sua doutrina “Indo-Pacífico” e procurando adaptar a NATO a esta estratégia fazendo avançar a aliança para espaços asiáticos. Isso ficou claro na última cimeira da NATO através das decisões de reforçar a agressividade contra a Rússia, conter a China e militarizar o espaço. A que se somam os esforços incessantes para mudar o regime no Irão. Os dados estão lançados: de um lado as estratégias convergentes da Iniciativa Cintura e Estrada da China e da Grande Eurásia, da Rússia; do outro o Império globalista, em luta existencial pelo seu domínio. Segue-se uma reflexão sobre o ponto da situação daquilo que o autor qualificou como “a batalha das eras”, o choque de titãs entre a unipolaridade globalista e a multipolaridade.
O Irão confessou: foram as suas defesas aéreas que abateram “por engano”, em 8 de Janeiro, o avião civil que fazia o voo 752 da Ukraine Airlines. Mas que circunstâncias externas interferiram na acção do operador do sistema de mísseis? Por que razão as comunicações do avião civil foram silenciadas? Estas e outras perguntas, associadas a factos que vão sendo apurados e a capacidades conhecidas da guerra cibernética, conduzem-nos para outros patamares de considerações; ou, no mínimo, para a constatação de que a história está muito incompleta, logo mal contada. As reflexões que se seguem, de alguém com experiência para saber do que fala, merecem ser conhecidas.
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