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A via sacra do jornalista Julian Assange parecia ter terminado naquele dia 4 de Janeiro de 2021 e o fundador de WikiLeaks poderia estar, em tese, a caminho da liberdade condicional. Dois dias depois, porém, Assange foi reencarcerado. Nesta novela terror e de perseguição contra o jornalismo livre tudo parece alinhar-se para que um epílogo fatal aconteça dentro de um sistema prisional – britânico ou norte-americano.
O silêncio guardado pela comunicação social corporativa em relação ao linchamento judicial de Julian Assange e da liberdade de informação que está a decorrer em Londres testemunha o estado de miséria a que chegou o jornalismo dominante, capturado pelos grandes interesses minoritários e elitistas que controlam o mundo.
É a antiga tragédia grega, reencenada na Anglo-América. Sob ribombante silêncio e indiferença quase universal, acorrentado, imóvel, invisível, um Prometeu esquálido foi transferido do patíbulo para um julgamento-espectáculo num tribunal gótico fake, dentro de uma prisão medieval.
Emma Arbuthnot é a juíza-chefe que, em Londres, instruiu o processo de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, onde o espera uma condenação a 175 anos de prisão por “espionagem”, isto é, por ter publicado, enquanto jornalista de investigação, provas dos crimes de guerra dos Estados Unidos, entre os quais vídeos de massacres de civis no Iraque e no Afeganistão. No processo, confiado à juíza Vanessa Baraitser, foram rejeitados todos os requerimentos da defesa.
Os colonialistas saem do sério quando os progressos da descolonização alteram o status quo em que se julgavam eternizados. As alterações nos contextos da Ásia Central – na perspectiva da integração euroasiática – e a nova lei de segurança de Hong Kong, por exemplo, evidenciam os efeitos descolonizadores das estratégias internacionais de potências como a Rússia e a China. Daí que a Europa, depois de olhar por cima para a Ásia como “o Extremo Oriente”, tenha agora dificuldade em aceitar-se como previsível “Extremo Ocidente” da Ásia
No mundo em que vivemos os criminosos de guerra têm a certeza da sua impunidade e o jornalismo de investigação está em vias de ser considerado um crime de espionagem – esta é uma das leituras que o Relator Especial das Nações Unidas sobre a Tortura, o suíço Nils Melzer, faz do processo contra o fundador e director do WikiLeaks, Julian Assange, conduzido pelos Estados Unidos com a cumplicidade de vários governos, entre eles Reino Unido, Suécia e Equador. Desde a falsificação, pela polícia sueca, de um processo “por violação” à tortura a que tem vindo a ser submetido em Londres, passando pelo julgamento secreto já em marcha nos Estados Unidos perante um júri da CIA, Melzer desmonta os contornos tirânicos e criminosos da perseguição a Assange. “Dizer a verdade está a tornar-se um crime”, adverte o relator da ONU. Nos dias em que a viciada justiça britânica aprecia o pedido de extradição de Assange apresentado pelos Estados Unidos, o Lado Oculto dá voz à esclarecedora entrevista de Nils Melzer ao website Republik, uma publicação de língua alemã. É a nossa manifestação de solidariedade com Julian Assange, em defesa da liberdade de informar e ser informado e dos direitos humanos.
O relator especial da ONU sobre a tortura, Nils Melzer, condenou os Estados Unidos, o Reino Unido, a Suécia e o Equador por exporem “deliberadamente” Julian Assange, fundador do WikiLeaks, a “anos de tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante”, um processo que apenas pode qualificar-se como “tortura psicológica”.
A eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil traz a peça que faltava no puzzle da nova geração Condor, isto é, os herdeiros das ditaduras militares dos anos 70/80 do século passado que, sob a batuta da CIA, geraram as primeiras experiências do neoliberalismo ortodoxo, puro e duro. Cerca de 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos, 400 mil presos políticos provocou a primeira Operação Condor orquestrada pela CIA. Sob métodos diferentes, mas com os mesmos objectivos e maestros, a Operação Condor, Parte II procura a sobrevivência do neoliberalismo sem contemplações com a democracia, agora que a crise se arrasta e exige uma espécie de regresso às origens.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
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