O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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É POSSÍVEL SAIR DA UNIÃO EUROPEIA

Chegou o dia. É hora de consumar o Brexit, um movimento que contraria o dogma tácito totalitário instituído pelos eurocratas de que “da União Europeia não se sai”. Verifica-se agora que sair é possível, embora a duras penas, sob enxovalhos da democracia, neste caso contra os desafiadores britânicos como se deduz ainda dos tons ameaçadores usados nas últimas horas pelas instituições de Bruxelas em relação aos 11 meses do período de transição. A situação colonial da Irlanda do Norte vai ser explorada pelo federalismo europeísta no capítulo que se segue, dentro da estratégia de transformar o Brexit num processo exemplar a não seguir por qualquer outro Estado membro.

PRESIDÊNCIAS DA UE TÊM PATROCÍNIOS PRIVADOS

As Presidências da União Europeia são sponsorizadas. O patrocínio das presidências semestrais do Conselho da União Europeia por empresas é uma das mais recentes tendências de negócio envolvendo a governação da UE. Não importa que tais procedimentos representem conflitos de interesses e acentuem promiscuidades comercializando os direitos dos cidadãos europeus e tornando instituições públicas influenciadas por estratégias privadas. É o domínio da arbitrariedade neoliberal.

DAVOS, OU A FARSA DO GLOBALISMO “AMBIENTALISTA”

Mais uma edição – a 50ª – do Fórum Económico em Davos, Suíça. O capitalismo neoliberal globalista congregou as suas estrelas mais rutilantes, a par de membros de realezas, presidentes e chefes de governo – toda “uma elite ambientalmente consciente” - para debater, por exemplo, as maneiras como negócios, políticas, manipulação genética, geoengenharia e guerras se harmonizam com o combate às mudanças climáticas, que prejudicam “a ecologia e a economia”. Para isso os trabalhos foram abrilhantados, entre outros, por Donald Trump, a imprescindível Greta Thunberg e o inigualável usurpador Juan Guaidó.

FRANÇA É A LINHA DA FRENTE NA GUERRA CONTRA A SEGURANÇA SOCIAL

Milhões de franceses lutam há semanas contra o assalto do governo de Emmanuel Macron ao sistema de segurança social, desenvolvido a rogo do sistema financeiro privado, ansioso por transformar em lucros os descontos de vidas de trabalho. E, contudo, o sistema francês de pensões – considerado um dos melhores do mundo - é saudável e capaz de absorver naturalmente o défice, de tal maneira que os próprios mentores da “reforma” admitem que não haveria urgência em fazê-la. Como a seguir se demonstra nas respostas do académico Salim Lamrani a 10 perguntas sobre o assunto, bastaria, por exemplo, que as mulheres tivessem salários iguais aos dos homens ou que houvesse um combate sério à evasão fiscal para o actual sistema de pensões estar perfeitamente equilibrado. França é, pois, a linha da frente da luta decisiva contra a ofensiva pela privatização da Segurança Social que mina a União Europeia. O neoliberalismo não dá tréguas.

O TOTALITARISMO DA “COMUNIDADE INTERNACIONAL”

“Comunidade internacional” e “ordem internacional” são expressões que nos surgem a cada passo quando se trata de abordar os acontecimentos e as situações que se sucedem através do mundo. O uso recorrente tem contribuído para transformá-las numa espécie de muletas de linguagem em que vão perdendo conteúdo, esbatendo-se assim a realidade dos seus conteúdos e significados actuais. Desse desvanecimento surgem múltiplas interpretações e a confusão generalizada – que nada tem de inocente. Prevalecendo então o sistema sem mandato que dá corpo à ordem global neoliberal.

CONSELHO EUROPEU CONSTRUÍDO COM TRABALHO ILEGAL

Quando o exemplo vem do topo da pirâmide não é de admirar que o trabalho escravo prolifere no espaço da União Europeia: o chamado “Edifício Europa”, obra imponente de Bruxelas onde se reúnem os chefes de Estado e de governo dos países membros – o Conselho Europeu – foi construído, em parte, por operários sem contratos laborais e privados de salários durante meses a fio.

GRETA THUNBERG E A CRUZADA DAS CRIANÇAS VERDES

Ao seguirmos as pisadas desse fenómeno mundial chamado Greta Thunberg iremos encontrar, para surpresa de muitos – de outros, nem tanto – gente bastante graúda, entidades e personalidades através das quais é possível detectar rastos do ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, do Goldman Sachs, o banco dos bancos, da Pepsi, dos maiores fundos de activos do mundo, da Shell, da General Motors, do Google e da Pfizer, de âncoras do neoliberalismo como a OCDE, o FMI ou o Banco Mundial, de ex-membros de governos não menos ultraliberais. E apetece-nos tentar perceber como é que pessoas e organizações que contribuíram para estragar o clima estão agora empenhadas em salvar o clima. A explicação até não será muito difícil se olharmos Thunberg como um instrumento de agitação e propaganda para “legitimar” aquele que se perspectiva como o maior negócio destes tempos.

A NATO E A DIGNIDADE NACIONAL PERDIDA

Os exemplos sucedem-se, soltam-se do discurso oficial, passam pela comunicação social sem o menor sobressalto crítico e entranham-se na opinião pública como a mais inócua banalidade. Portugal já não governa os portugueses, o governo português delegou as decisões fulcrais sobre o destino dos portugueses em entidades, interesses e pessoas que não querem saber dos portugueses para nada a não ser como mão-de-obra barata ou membros de destacamentos armados envolvidos em policiamento colonial e guerras imperiais. A dignidade nacional esvaiu-se e chega perversamente a ser confundida com nacionalismo e populismo quando alguém ousa criticar o federalismo e a subserviência aos mecanismos imperiais.

A GRANDE ILUSÃO DA ECONOMIA “VERDE”

Sucedem-se as cimeiras climáticas, multiplicam-se as promessas para atingir metas de curto, médio e longo prazo, transformaram-se as questões ambientais em artigos da moda política e mediática e o aquecimento global continua a sua ascensão sem retorno. No centro de toda a novíssima inquietação ecológica estão as elites políticas, governamentais e, sobretudo, empresariais que colocaram o mundo no caminho da catástrofe. Isto é, os que estragam o planeta são os mesmos que cuidam agora de consertá-lo com base em enxurradas de promessas, mas sem mudar de atitudes e comportamentos. Ou seja, a tão propagandeada “economia verde” não passa de uma grande ilusão, melhor dizendo, uma imensa fraude.

GOLPE DE WASHINGTON NA BOLÍVIA: AS PROVAS

O general Kaliman, que “sugeriu” a demissão de Morales, vive agora nos Estados Unidos e foi agraciado com um milhão de dólares; a CIA, a Embaixada norte-americana em La Paz e empresas contratadas minaram as redes sociais com vagas de fake news para provocarem a agitação social; dinheiro e armas com origem em Washington choveram em Santa Cruz, o epicentro fascista da conspiração; funcionários da Embaixada compraram votos rurais e coordenaram a acção com colegas do Brasil, Paraguai e Argentina; os conspiradores estiveram em contacto directo com os mesmos senadores dos Estados Unidos envolvidos nos golpes de Guaidó contra a Venezuela. Estes e outros factos, designadamente o papel da OEA, comprovam a condução norte-americana do recente golpe de Estado fascista na Bolívia.

O BRICS ESTÁ BEM VIVO, APESAR DE BOLSONARO

A cimeira dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – realizada em Brasília revelou que o grupo está vivo, apesar das mudanças no Brasil e do enfeudamento total do país aos Estados Unidos. O pragmatismo russo e chinês, aproveitando as oportunidades para continuar a abrir espaços económicos onde a crise neoliberal deixa o seu rasto, sobrepõe-se à desafinação política e consegue convergências de interesses aparentemente improváveis.

O SILÊNCIO: A PIOR RESPOSTA DO ESTADO PORTUGUÊS

O chefe de Estado e o governo da República portuguesa estão em silêncio perante as atrocidades contra a democracia e os direitos humanos praticadas na Bolívia e no Chile. Em circunstâncias onde o poder neoliberal se vê forçado a mostrar a sua verdadeira face ditatorial para evitar a aplicação plena da democracia, com todas as suas consequências, as principais figuras do Estado português escolhem o silêncio, talvez a maneira mais indigna de se identificarem com a crueldade do sistema – ao mesmo tempo que ignoram a Constituição da República.

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