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Na Somália, o embaixador dos Estados Unidos puxa para um lado; e a estratégia militar de agressão do Pentágono parece conduzir no sentido contrário. Tudo acontece entre massacres de civis por aviões norte-americanos, subornos de milhões em dinheiro vivo e outros comportamentos de que beneficiam os terroristas do Al Shabab, parentes da al-Qaida. O caos e a instabilidade subsistem no Corno de África numa situação em que é impossível decifrar qualquer coerência da política imperial para a região, a não ser aprofundar o caos e a instabilidade.
John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos entre Abril de 2018 e Setembro de 2019, acaba de lançar sobre a Casa Branca uma bomba cujos estilhaços podem acarretar efeitos devastadores neste final de mandato do presidente Donald Trump, comprometendo não só diferentes aspectos da política doméstica, como principalmente as relações externas daquela que, embora decadente, ainda é a maior superpotência do mundo.
O Facebook, que tem uma aliança operacional com o Conselho do Atlântico, uma entidade que trata da “liderança dos Estados Unidos e aliados” no mundo, está a montar uma gigantesca cadeia de cabos submarinos em redor de África como “pilar de uma enorme expansão da internet no continente”. Perito em “educar os cidadãos e a sociedade civil” sobre o que é “verdadeiro” ou “falso”, o Facebook amarra agora os seus cabos em terras onde mais de 600 milhões de pessoas não têm acesso a energia eléctrica. Trata-se, afinal, de cabos que vêm suceder às velhas grilhetas coloniais.
A explosão social em curso nos Estados Unidos na sequência da execução policial e extrajudicial de George Floyd não é nova num país que nasceu do massacre organizado e sistemáticos dos povos indígenas do seu território. É a revolta de oprimidos, explorados, discriminados e excluídos por um sistema que não sabe – nem pode – funcionar de outra maneira: com base na violência e na intimidação.
A decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de validar a ditadura da Junta de Controlo imposta a Porto Rico, emitida horas antes de o presidente norte-americano ter anunciado a repressão militar dos protestos em curso, deixa esta colónia das Caraíbas em situação muito delicada e contribui para despertar uma história esquecida por muitos. A validação judicial da experiência de ditadura nesta colónia serviu de significativo preâmbulo do anúncio presidencial que iniciou formalmente o caminho para a substituição do regime democrático pela lei marcial para reger todo o território nacional dos Estados Unidos.
Tomar o aeroporto de Caracas, capturar o presidente Nicolás Maduro com o objectivo de o enviar para os Estados Unidos – ou matá-lo, em alternativa – era o objectivo principal da operação terrorista de 3 de Maio contra a Venezuela, de acordo com as confissões dos mercenários – entre eles dois ex-membros das forças especiais dos Estados Unidos – capturados na ocasião. A acção está expressa como “objectivo principal” no contrato estabelecido entre o chefe fascista Juan Guaidó, auto-intitulado “presidente interino”, e a empresa de mercenários Silvercorp, da Florida, igualmente prestadora de serviços ao actual presidente dos Estados Unidos. Conheça os meandros do contrato e os métodos de gestão pretendidos por Guaidó, o “presidente” da Venezuela reconhecido por numerosos países da União Europeia, entre os quais o governo da República Portuguesa.
Começa a anoitecer. Hoje morreram mais de 21 mil crianças com menos de cinco anos no mundo inteiro — são 7,9 milhões por ano. Entre os principais motivos estão as doenças causadas pela falta de água potável, por um saneamento inadequado ou pelo consumo de água poluída. Há muitos anos que as emergências de saúde relacionadas com a água preocupam muita gente, mas os grupos dominantes, aqueles que têm o poder de decidir, não parecem considerar essencial e urgente tomar medidas para mudar a situação.
Guardas embuçados do grupo transnacional de segurança G4S podem ser vistos de novo desempenhando funções junto à entrada do Parlamento Europeu em Bruxelas cerca de dez anos depois de a empresa ter sido afastada devido ao seu longo historial de violações de direitos humanos, incluindo tortura. A G4S presta igualmente serviços à Comissão Europeia tanto na capital belga como em representações através do mundo.
O chamado “enviado especial” dos Estados Unidos para a guerra contra a Síria, James Jeffrey, pediu a vários países da NATO para darem maior “ajuda directa” à Turquia na invasão militar efectuada em território sírio para socorrer as forças terroristas da al-Qaida. Segundo Jeffrey, Washington pretende que outras nações “façam mais” no contexto do “conflito sírio”.
Turquia e União Europeia continuam a disputar um desumano jogo de ping-pong usando os refugiados provocados por guerras apoiadas tanto por Ancara como por Bruxelas. Outra vítima das circunstâncias é a Grécia, abandonada à sua sorte de ser obrigada a conjugar a austeridade, as punições financeiras internacionais e o facto de ser “armazém” de refugiados que o resto da União se recusa a acolher.
Westlessness. Poderá traduzir-se como o défice de Ocidente na cena internacional e foi o mote escolhido para a Conferência de Segurança de Munique deste ano, em 16 e 17 de Fevereiro, como sempre uma organização associada à NATO. Percebeu-se, pela escolha desta temática, que o Ocidente vive uma crise existencial, com saudades de tempos recentes em que podia destroçar a Jugoslávia, bombardear a Sérvia, arrasar o Afeganistão, desmembrar o Iraque e a Líbia sem ter contraditório. Na origem da inquietação ocidental está, como foi abundantemente aflorado como eco da exposição do chefe do Pentágono, a crescente presença da Rússia e da China na arena internacional - que se reflecte no aparecimento de um efeito dissuasor da impunidade colonial. Não admira, portanto, e perante a presença de convidados “inimigos”, que às tantas à conferência tivesse parecido um diálogo de surdos.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…