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Donald Trump mandou retirar as tropas norte-americanas da Síria, embora não deixando claro se mantém o apoio aos grupos terroristas infiltrados no país pelas principais potências da NATO e suas aliadas das ditaduras do Golfo. A decisão foi tomada em menos de dois meses e meio e deve-se a uma mudança da relação de forças no terreno com a entrada em funções dos novos sistemas militares fornecidos pela Rússia: as baterias defensivas S-300 e a zona de exclusão aérea sobre a Síria garantida por meios electrónicos. Desde que estes mecanismos estão operacionais os ataques aéreos da "coligação internacional" foram reduzidos em 80%; e desde 18 de Setembro que Israel não tenta qualquer incursão aérea em espaço sírio.
O efeito Khashoggi paira como uma tempestade sobre o mundo. As ameaças de sanções contra a Arábia Saudita que vão sendo proferidas vagamente por países ocidentais já têm resposta de Riade. "Todo o insulto tem que ser vingado", proclama a tradição dos beduínos do deserto, que pode converter-se em petróleo a 200 dólares por barril e outras medidas capazes de fazer tremer a ordem estabelecida. Centenas de milhares de mortes depois, os países que se consideram civilizados podem agora avaliar o preço da sua permanente cumplicidade com um regime criminoso desde sempre, não apenas agora que matou Jamal Khashoggi.
Jogo aberto, sem eufemismos nem exercícios semânticos. O discurso do presidente dos Estados Unidos na Assembleia Geral da ONU regressou àquela que é a estratégia de sempre do Pentágono, pelo menos há dez anos: derrubar o governo da Síria, apear "o carniceiro de Damasco" - parafraseando Trump. Nada de "revoltas populares", ou "primaveras árabes" ou inexistentes distinções entre terroristas "moderados" e "radicais". Guerra de agressão para mudar um regime e fazer com que a Síria siga o caminho do Iraque ou da Líbia. Nada mais. Porém, neste caso, procurar consumar o objectivo significa entrar em confronto com a Rússia. Estaremos então perante uma situação de guerra com amplitude e consequências incalculáveis. Agora ficou claro: os países que insistirem em manter-se associados a Washington na chamada "coligação internacional" já sabem ao que vão.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…