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A VACINA DA COVID-19 E A PANDEMIA DE MENTIRAS

2020-07-21

Cientistas russos e britânicos anunciaram quase simultaneamente, e de maneira separada, importantes avanços no sentido da disponibilização de uma vacina contra a COVID-19. Enquanto as descobertas da Universidade de Oxford parecem inserir-se nas expectativas milionárias dos grandes impérios farmacêuticos transnacionais, a parte russa anunciou, entretanto, que alguns milhões de vacinas serão distribuídas gratuitamente e que os dados científicos serão disponibilizados universalmente para que a descoberta possa ser utilizada como medicamento genérico. Talvez por isso, as habituais corporações mediáticas começaram já a atacar a Rússia por ter supostamente “pirateado” as descobertas de Oxford. Deixamos alguns elementos actualizados sobre a “guerra das vacinas” em nome do rigor histórico e para que cada um perceba o que está em desenvolvimento e com o que pode vir a contar.

Umberto Mazzei, O Lado Oculto

A Primeira Universidade Estatal de Medicina de Moscovo, ou Universidade Sechenov, anunciou em 12 de Julho que completou com êxito os ensaios de segurança de uma vacina contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 fabricada na Rússia. O anúncio foi efectuado por Vadim Tarasov, director do Instituto de Medicina e Biotecnologia daquela instituição.

A vacina foi fabricada pelo Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia, dirigido por N.F. Gamaleya, em conjunto com o Ministério da Defesa. Os ensaios clínicos de segurança estiveram a cargo, porém, da Primeira Universidade Estatal de Medicina.

Este tipo de ensaios concluídos com êxito tinham como objectivo estabelecer a segurança da vacina quando ministrada em seres humanos, isto é, averiguar eventuais efeitos secundários nocivos. Os cientistas tencionam completar até 28 de Julho, dentro de uma semana, a outra fase em curso, a dos ensaios clínicos sobre a efectividade dos resultados da vacina em seres humanos.

Os cientistas calculam que o medicamento poderá começar a fase de produção em massa no início do próximo mês de Setembro. Caso os resultados clínicos de efectividade revelem os mesmos sinais positivos que os registados em termos de segurança, o processo ficará depois a depender de uma certificação das autoridades médicas russas – o que poderá acontecer durante o mês de Agosto.

Não está ainda claro o período em que as pessoas poderão começar a ser vacinadas. “Não creio que a vacina esteja disponível em farmácias num futuro próximo, porque espero que o governo adquira o medicamento para o distribuir pelos hospitais”, disse Alexander Ginzburg, do Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia, a instituição russa onde foi descoberta a vacina.

O anúncio da conclusão com êxito dos ensaios de segurança foi feito por Vadim Tarasov a meio do dia 16 de Julho. Imediatamente a seguir, durante a tarde, meios da comunicação social corporativa dos Estados Unidos e respectivos vassalos europeus começaram a difundir informações insinuando que o governo russo teria roubado dados da investigação da vacina contra a COVID-19 realizada pela Universidade de Oxford, em Inglaterra. Será que se podem roubar dados sobre testes ainda por concluir? O tipo de reacção mediática enquadra-se na campanha ocidental segundo a qual nada do que seja realizado na Rússia pode ter resultados positivos, eventualmente benéficos para a humanidade.

Transparência e universalidade

O que parece ter motivado sobretudo este tipo de reacção ocidental foi o facto de a Rússia ter anunciado também que 30 milhões de vacinas serão distribuídas gratuitamente e que os dados científicos da vacina irão ser do domínio público, de modo a que esta possa entrar no mercado como medicamento genérico.

Esta realidade é passível de deitar por terra as perspectivas de lucros ultra milionários alimentadas pelos impérios da indústria farmacêutica, a Big-Pharma, que vêem na COVID-19 mais uma oportunidade dourada. Para montar esta ambição de elevadas receitas contribuiu, sem dúvida alguma, o clima de terror montado através da narrativa enviesada sobre a COVID-19 gerida por alguns meios de comunicação e políticos europeus e que difundiu a ideia de que as pessoas estão disponíveis para pagar o que for preciso pela vacina contra a doença.  

A vacina russa, e outras que possa vir a surgir fora do enquadramento do sistema BIG-Pharma, desmontam à partida a ideia de que o medicamento será algo inevitavelmente caro e dificilmente acessível. A descoberta russa e a sua anunciada universalização pode contribuir para desmantelar a estratégia dos grandes interesses financeiros e também as manobras de governos que tentam usar a pandemia e a saúde pública como pretextos para sequestrar direitos e liberdades individuais.

A partir do momento em que a vacina esteja disponível para o público tornar-se-á muito mais fácil estabelecer a estratégia governamental: identificar e isolar os contagiados e vacinar os cidadãos não atingidos, como sempre se fez com as doenças contagiosas. Deixará, por exemplo, de ser necessário sujeitar as maiorias sãs a sistemas de prisão domiciliária.


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