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AS SANÇÕES COMO SENTENÇAS DE MORTE

2020-03-28

Redacção de O Lado Oculto; com Alan McLeod/MintPress

Os governos de oito países sob sanções ilegais dos Estados Unidos dirigiram-se a várias instâncias internacionais, entre elas o secretário-geral da ONU, advertindo que esses bloqueios estão a impedir os seus povos de combater eficazmente a pandemia de coronavírus (COVID-19).

Os governos da China, Cuba, Irão, Nicarágua, Coreia do Norte, Rússia, Síria e Venezuela enviaram uma declaração conjunta ao secretário-geral da ONU, ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e ao director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) pedindo o fim das sanções dos Estados Unidos por serem “ilegais e violarem de forma flagrante o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”.

Os países em causa, que representam um quatro da população mundial, afirmam que as sanções minam directa e indirectamente o combate ao COVID-19. “O impacto destrutivo dessas medidas ao nível nacional e as suas implicações extraterritoriais, juntamente com o seu carácter desproporcionado e o medo de ‘sanções secundárias’ impedem a capacidade de os governos nacionais adquirirem equipamentos e suprimentos médicos básicos, incluindo kits para testes e medicamentos”, lê-se na declaração. Combater o novo coronavírus, acrescenta, é “uma acção difícil, ou mesmo impossível, para os países que actualmente enfrentam a aplicação de medidas coercivas unilaterais”. 

O caso do Irão é particularmente grave, debatendo-se o país com uma estirpe do novo coronavírus extremamente mortífera. Apesar de vários sectores da medicina não estarem ao alcance de sanções internacionais, os Estados Unidos têm dissuadido os países dispostos a fornecer apoio médico a Teerão sob a ameaça de serem também sancionados. A China tem quebrado o bloqueio e também a Organização Mundial de Saúde fornece apoio – o que continua a ser insuficiente para as necessidades.

Alfred de Zayas, relator especial da ONU para os direitos humanos, tem qualificado as sanções impostas pelos Estados Unidos como ilegais e uma “punição colectiva” para os povos dos países atingidos; neste quadro, acusou o governo de Donald Trump de praticar “crimes contra a humanidade”.

“Não podemos permitir que calculismos políticos se interponham no caminho de salvar vidas humanas”, afirmam os oito países autores da declaração.

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