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NATO NÃO CANCELA JOGOS DE GUERRA

General Tod Wolters lendo o seu comunicado de guerra mantendo as manobras na Europa

2020-03-16

Pilar Camacho, Bruxelas; Exclusivo O Lado Oculto

Os jogos de guerra da NATO na Europa não serão cancelados, informa oficialmente a aliança, apesar da pandemia de coronavírus e das medidas drásticas assumidas pela maioria dos países europeus para tentar proteger os seus cidadãos da “maior crise sanitária do nosso tempo”, segundo a OMS. As gigantescas manobras Defender Europe 20 serão “alteradas” e “alguns exercícios reduzidos”, mas “a capacidade das Forças da NATO para se adaptarem rapidamente a esta situação demonstra poder, flexibilidade e resiliência”, explica o general Tod Wolters, o chefe do Comando Europeu dos Estados Unidos (EUCOM). “Isto torna-nos uma força melhor”, garante.

A informação divulgada no website dos exercícios Defender Europe 20 esclarece que o cancelamento não está em causa: “desde Fevereiro que os movimentos de tropas (norte-americanas) acontece regularmente na Europa” e “irão prolongar-se até Junho em sete países europeus incluindo Bélgica, Holanda, Alemanha, Polónia, Letónia, Estónia e Lituânia”. Todos eles, reconhece o texto, “com casos reportados de COVID-19”.

“A alteração e, em alguns casos, redução de exercícios é uma medida preventiva que não afecta a capacidade das nossas forças para responder às ameaças, agora ou no futuro”, afirma o general Wolters numa mensagem publicada na página de internet do EUCOM e citada parcialmente no website da NATO dedicado aos jogos de guerra Defender Europe 20, considerados o “maior movimento de tropas na Europa dos últimos 25 anos”. Os “nossos aliados, parceiros e potenciais adversários têm de saber que as nossas forças continuam em prontidão”, acrescentou. “A NATO está firme nos seus compromissos de proteger todos os aliados e os nossos valores partilhados”.

Um comunicado de guerra

Na sua mensagem, lida em tom de comunicado de guerra, o comandante supremo aliado na Europa afirma que “a saúde das nossas forças é vitalmente importante para manter a prontidão e defender as nossas pátrias”.

Em relação à situação que se vive na Europa, o general informa que “implementámos medidas prudentes para reduzir a exposição e a transmissão (do vírus) de e para as nossas forças, os nossos familiares e lares”. Porém, “continuaremos a executar operações diárias com medidas desenvolvidas para reduzir as potenciais exposição e transmissão do vírus”.

A mensagem do comandante norte-americano e a informação contida na página das manobras Defender Europe 20, contudo, são omissas em relação ao tipo de medidas assumidas. O website esclarece apenas que o “EUCOM está a trabalhar com os aliados e parceiros para acertar os ajustamentos”.

Entretanto, acrescenta, “além dos objectivos militares das manobras, a saúde dos participantes mantém-se uma prioridade”. As medidas que são tomadas visam “pelo menos mitigar a disseminação do vírus e contribuir para o apoio local aos esforços de contenção”.

Uma nova experiência

Explicando que a situação será avaliada de maneira continuada, a mensagem do general Wolters enquadra a importância de manter os jogos de guerra numa Europa cada vez mais paralisada e de quarentena: “Porque temos treinado e trabalhado de perto com os nossos aliados e parceiros numa diversidade de cenários durante vários anos, estamos preparados e resilientes, estamos focados em manter as nossas capacidades cuidadosamente afinadas em lições válidas extraídas da cooperação, planeamento e exercícios”.

O website da Aliança Atlântica dedicado expressamente aos exercícios Defender Europe 20 completa a ideia sublinhando que “as operações diárias prosseguem com as medidas desenvolvidas para reduzir a exposição e potencial transmissão do vírus e a NATO realiza avaliações permanentes, uma vez que a situação é dinâmica”.

Daí, acrescenta, que “o cancelamento total das manobras não esteja a ser encarado”. Ainda que a Organização Mundial de Saúde considere estarmos perante “a maior crise sanitária global do nosso tempo”


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