CONFIRMA-SE APROXIMAÇÃO ENTRE PARIS E MOSCOVO

2019-06-13
Sylvie Moreira, Paris
Está confirmado : Emmanuel Macron tenta estabelecer um novo tipo de relacionamento com a Rússia apesar das reservas de círculos diplomáticos parisienses e da desconfiança de Washington. A próxima visita do primeiro-ministro russo a França é apenas o começo.
Com Medvedev prestes a chegar à capital francesa, o que acontecerá a 24 de Junho, nem toda a administração francesa parece em sintonia com Macron quanto à sua intenção de estabelecer um novo relacionamento com a Rússia. O presidente francês parece correr realmente em pista própria tanto em relação à opinião dominante no interior da União Europeia como em relação a alguns círculos de opinião no interior do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros. Numerosos quadros deste departamento consideram que o presidente está “a estender demasiado depressa” a passadeira vermelha a Putin.
No entanto, Emmanuel Macron parece posicionar-se nesta matéria mais próximo da Alemanha de Merkel do que da maioria dos parceiros europeus, inclinando um pouco mais o eixo franco-alemão para uma tendência no sentido de reduzir o nível de conflitualidade com Moscovo.
Com os olhos no G7
Macron parece assim disposto a encarar as reprimendas de Washington – que não tardarão e ser públicas – tal como tem acontecido com a sua parceira alemã Angela Merkel. É cedo ainda, contudo, para ter uma ideia se a aproximação tanto em relação a Moscovo como à posição de Merkel irá traduzir-se num claro posicionamento de Paris em defesa da conclusão do polémico gasoduto Nord Stream 2, um dos maiores ódios de estimação do establishment norte-americano.
Já não será tão cedo, segundo fontes do Quai d’Orsay, para ter a ideia de que Emmanuel Macron está a tentar encontrar um modo de associar o presidente russo à próxima cimeira do G7, a realizar em Agosto em Biarritz, no País Basco francês.
Apoio dos serviços de segurança
Quem parece estar por detrás desta reorientação do presidente francês em relação a Moscovo parecem ser os serviços de segurança e de inteligência, o que também os coloca em trajectória de choque com as tendências dominantes na NATO. Sabe-se, segundo fontes próximas do sector, que tem havido alguns progressos nos contactos deste com o chefe dos serviços secretos externos da Rússia, Seguei Narichkine, no sentido de sublinhar os pontos de aproximação em vez de sobrevalorizar os elementos de discordância.
O aparelho de segurança e de inteligência francês tem defendido junto do presidente que o estabelecimento de um clima diferente, mais distendido e mesmo de cooperação com a Rússia poderá ser fundamental na abordagem de algumas questões que preocupam Paris, como a situação na Síria, a nível externo, ou as redes de terrorismo checheno, a nível interno.
Embora a questão seja muito delicada, os conselheiros de segurança de Macron consideram que vale a pena estender as frentes de discussão com Moscovo à própria questão da cibersegurança.
Embora sem se afastar da orientação geral seguida pela área de política externa e de segurança da União Europeia, a França parece, com estes indícios, tentar travar a tendência para o conflito que continua a ser dominante no sector dirigido por Federica Mogherini, transformado numa câmara de eco das políticas da NATO