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VENEZUELA TROCA LISBOA POR MOSCOVO

Serguei Lavrov com Delcy Rodriguez em Moscovo, no dia 1 de Março

2019-03-04

Castro Gómez, Moscovo; com Reuters

O governo da Venezuela decidiu transferir os escritórios europeus da companhia petrolífera estatal PDVSA de Lisboa para Moscovo, de modo a salvaguardar os activos do país, anunciou a vice-presidente Delcy Rodriguez na capital russa.

Ao contrário de muitos países europeus, a Rússia continua a reconhecer as instituições legítimas venezuelanas depois de os Estados Unidos, através do seu vice-presidente, terem incitado Juan Guaidó a autoproclamar-se “presidente interino”.
Numa conferência de imprensa conjunta com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Delcy Rodriguez afirmou que os governos que reconheceram legitimidade à operação anti-venezuelana desenvolvida pela administração Trump, entre eles o de Lisboa, deixaram de ter a confiança de Caracas para salvaguardarem os interesses e os activos da Venezuela. A transferência dos escritórios europeus da principal empresa venezuelana de Lisboa para Moscovo decorre da atitude assumida pelo governo português ao acompanhar a administração norte-americana – principal responsável pela asfixia económica a que está sujeito o povo venezuelano e, por inerência, a comunidade portuguesa residente no país.
Os países da União Europeia que reconheceram Guaidó “deixaram de ser capazes de garantir a segurança dos activos da Venezuela”, disse Delcy Rodriguez.
E citou, a propósito, o comportamento do Reino Unido que, em conjunto com a Secretaria norte-americana do Tesouro, se recusa a devolver a Caracas mais de 30 toneladas de ouro que a Venezuela tem guardado no Banco de Inglaterra. Para bloquear estes activos, a que a Venezuela pretende recorrer para obter divisas com as quais possa ter acesso a medicamentos e outros bens de primeira necessidade, o secretário norte-americano afirma que manteve contactos com os bancos centrais da União Europeia, incluindo o Banco Central Europeu, e também com os governos dos Estados membros.

Reforço do investimento russo

A transferência dos escritórios europeus da PDVSA de Lisboa para Moscovo corresponde também aos novos planos para expandir a cooperação técnica para extracção de petróleo venezuelano através das empresas petrolíferas russas Rosneft e Gazprom, anunciou a vice-presidente venezuelana. A Venezuela tem as maiores reservas petrolíferas mundiais.
“Iremos proceder a investimentos industriais para produzir tudo o que necessitamos no nosso país com a ajuda da Federação Russa”, anunciou Delcy Rodriguez. “A Venezuela e a Rússia são parceiros estratégicos”.
Durante a mesma conferência de imprensa em Moscovo, Serguei Lavrov anunciou que a Rússia enviou um primeiro navio com ajuda médica para a Venezuela e que o apoio se estenderá ao abastecimento de trigo.
Segundo dados de 18 de Fevereiro, a Rússia forneceu, até agora, 64100 toneladas de trigo à Venezuela na época comercial de 2018/2019.
Antes da conferência de imprensa, um porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que, de momento, os presidentes da Venezuela e da Federação Russa não encaram novos empréstimos financeiros a Caracas. Moscovo, porém, acompanha a situação de muito perto, sublinhou Peskov.
“Estamos interessados em continuar a cooperação com a Venezuela, principalmente porque muitas das nossas empresas estão a trabalhar em grandes projectos no país”, declarou o porta-voz.
“Sabemos que esses projectos têm boas perspectivas, existindo até planos para os expandir, de maneira a que os nossos parceiros venezuelanos possam ultrapassar os problemas políticos internos e as dificuldades económicas o mais rapidamente possível, tal como nós desejamos”, disse Dmitry Peskov.




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