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PENTÁGONO SALVA TERRORISTAS E CHACINA CIVIS

Corpos retirados de valas comuns numa cidade em ruínas: Raqqa (Reuters)

2018-11-16

Edward Barnes, Damasco

Organizações não-governamentais actuando no norte da Síria descobriram mais uma vala comum com os restos mortais de 20 civis vítimas dos bombardeamentos da chamada ”coligação internacional” chefiada pelos Estados Unidos. O Conselho de Segurança da ONU tem em seu poder documentação comprovando a existência de valas comuns onde jaziam cerca de oito mil pessoas chacinadas durante os ataques norte-americanos supostamente contra o Daesh ou Estado Islâmico. Entretanto, no dia 10 de Novembro um helicóptero militar norte-americano garantiu a evacuação em segurança de mais três chefes do mesmo Daesh numa aldeia da província de Hasakah, no distrito de Deir es-Ezzor.

São cerca de oito mil os cadáveres que já foram descobertos em valas comuns no perímetro urbano de Raqqa, no norte da Síria, vítimas dos bombardeamentos da “coligação internacional” alegadamente contra posições dos terroristas do Daesh. Trata-se de civis atingidos essencialmente em zonas residenciais, muitos dos quais mulheres e crianças.
As forças norte-americanas que ocupam ilegalmente território sírio continuam, aliás, a ter este tipo de actuação recorrendo frequentemente a munições proibidas – bombas de fragmentação e de fósforo branco – como aconteceu já esta semana em zonas residenciais do distrito de Deir es-Ezzor situadas a leste do rio Eufrates. Fontes da “coligação” negam o recurso a armamento internacionalmente banido, mas os órgãos dirigentes da ONU têm em seu poder provas concludentes dessa prática, e também das diversas valas comuns encontradas.
Nos últimos dias, as forças militares norte-americanas voltaram a usar bombas de fragmentação na região sudeste de Deir es-Ezzor, assassinando pelo menos 100 pessoas – 20 crianças – nas localidades de Hajin e al-Shahafeh.

Chacina contínua de civis

Um dos casos mais dramáticos ocorreu com o bombardeamento de uma prisão urbana utilizada pelo Daesh e no interior da qual estavam detidos numerosos cidadãos sírios capturados pelos terroristas.
A história da agressão estrangeira contra a Síria, qualificada como uma suposta “guerra civil”, regista que a “coligação internacional” conduz há muito mais de um ano uma denominada “guerra contra o Daesh” nas províncias setentrionais da Síria. A sucessão de bombardeamentos, porém, não abalou a estrutura do grupo mercenário na região em redor da sua “capital”, a cidade de Raqqa.
O Daesh (ou Estado Islâmico, ou ISIS) apenas foi derrotado e obrigado a abandonar Raqqa e outras praças-fortes na sequência de operações da aviação russa rápidas, eficazes e concentradas em apenas alguns dias.
Actualmente, as valas comuns que continuam a ser descobertas evidenciam o que a “coligação internacional” fez, e ainda faz, enquanto garante que combate os terroristas: cerca de oito mil cadáveres de civis enterrados em três zonas na periferia residencial de Raqqa – uma chacina.
Cerca de quatro mil cadáveres foram detectados nos arredores de dois barros residenciais da cidade, junto ao estádio e ao Jardim Zoológico; 2500 vítimas jaziam numa outra vala aberta numa quinta junto a uma clínica pediátrica e ao hospital nacional; cerca de 1500 civis estavam enterrados numa terceira grande sepultura colectiva situada na região de al-Panorama.

Como reciclar o Daesh

Todos estes cidadãos sírios foram abatidos em nome da guerra conduzida pelos Estados Unidos para “libertar a Síria do Daesh”.
No entanto, a realidade está em contradição permanente com esse motivo invocado por Washington e seus aliados. No dia 10 de Novembro, mais três comandantes dos mercenários terroristas agindo em nome do Daesh foram salvos das ofensivas do exército nacional sírio embarcando num helicóptero militar norte-americano na aldeia de as-Suvayda, província de Hasakah, distrito de Deir es-Ezzor. Desconhece-se o rumo seguindo; um dos destinos possíveis é o Afeganistão, para onde têm sido enviados centenas de terroristas e familiares através de operações de resgate montadas pela CIA em diversas regiões sírias.
Deir es-Ezzor tem sido uma das províncias onde esses salvamentos continuam, como aconteceu ainda em 22 de Setembro e 7 de Outubro deste ano. De notar que as operações de socorro beneficiam essencialmente mercenários ao serviço de grupos como a al-Qaida e o Daesh, e não apenas os ditos “moderados” declaradamente apoiados por países da NATO – que, aliás, devido à sua efectiva irrelevância, são enquadrados operacionalmente por aqueles.

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